No amanhecer deste final de abril de 2006, o Mausoléu do recanto euclidiano, que guarda os restos mortais do engenheiro-escritor Euclides da Cunha e de seu filho Quidinho, acordou sem a cabeça de bronze do nosso ídolo, que projetou nossa cidade além das fronteiras do Brasil. Roubaram-na. A cabeça de bronze, do acervo da Casa Euclidiana, foi colocada no Mausoléu de Euclides, na sua inauguração, em agosto de 1982, quando os restos mortais de Euclides e de seu filho foram trasladados do Rio de Janeiro para nossa cidade. O prefeito da gestão seguinte, em 1984, mandou fundir em bronze uma cópia da cabeça original, que foi colocada no Mausoléu e, agora, roubada. A original, sem assinatura do escultor, voltou à Casa Euclidiana, onde está, podendo novamente ser reproduzida... Derretida a escultura roubada, será trocada por alguns reais, como o foram as portas de jazigos, placas e pequenas esculturas de bronze do Cemitério Municipal. Ladrões sem escrúpulos, ignorando o valor da escultura que retrata nosso herói, ignorando os traços culturais da cidade, ignorando a homenagem e a reverência a ele prestadas, levaram-na. Talvez, nem rio-pardenses eram os usurpadores; talvez, os ladrões integrassem uma gangue especializada em roubo de bronze... Levaram a cabeça de Euclides daquela bela área aberta, alcançada por caminhos de asfalto, de terra e de água... Levaram-na sem nenhum olhar do alto da avenida. Levaram-na sem a presença de nenhum guarda no grande jardim cultural... Muitos e muitos rio-pardenses, de longe, revoltados e inconformados, como nós, enviaram e-mail, exigindo providências, citando possíveis culpados... Ontem, 25 de abril, recebi um e-mail de Joel Bicalho Tostes, da família de Euclides da Cunha, que abaixo transcrevo.
“Caro Rodolpho. Lembramo-nos de imediato de uma atitude pessoal sua, quando se empenhou na realização do desfile de abertura de antiga SE, ameaçada de não ocorrer, o que evidencia o grande carinho que você devota a SJRP e Euclides da Cunha. Sabedores de vandalismo praticado no Mausoléu, vimos em nome da família pedir sua palavra junto a quem de direito para estudar uma forma de maior segurança ao local, visando impedir repetição de fato tão deplorável. Gratos amigo por seu apoio e interesse, procurando salvaguardar assim um patrimônio cultural que só os rio-pardenses possuem no Brasil. Afetuosos abraços do Joel”
Faço minhas as palavras de Joel e as envio, através desta coluna, às autoridades responsáveis pela segurança e proteção de nossos bens culturais. 26/ 4/2006.
A original cabeça de bronze de Euclides encontra-se na Casa Euclidiana
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