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A EXPEDIÇÃO MOREIRA CÉSAR
2009-09-04 10:33:28

 

A EXPEDIÇÃO MOREIRA CÉSAR

 

 

 

Ano 1830, nasce em Quixeramobim/ CE, Antônio Vicente Mendes Maciel que mais tarde ficaria conhecido por todo o Sertão Nordestino e no Brasil inteiro como Antônio Conselheiro, ao reunir em torno de si vários seguidores e por suas pregações por pequenos povoados do interior do sertão. Depois de peregrinar por vários Estados do Nordeste pregando e reformando igrejas e cemitérios, Antônio Conselheiro se estabelece junto com aproximadamente 600 seguidores em Canudos em 13 de junho de 1893 batizado o local de belo Monte. Neste local, constrói em pouco tempo a segunda maior cidade do estado da Bahia, com uma população estimada de 25000 pessoas, número que alguns historiadores contestam.

         Em 1896, começa a guerra de Canudos. O pretexto para o seu início foi insignificante. Antônio Conselheiro encomendou madeira em Juazeiro (BA) para a construção da igreja nova, o pagamento foi antecipado, mas a madeira não foi entregue no prazo estipulado. Espalhou-se o boato que os conselheiristas invadiriam a cidade. O juiz de Juazeiro, antigo desafeto do Conselheiro solicitou tropas policiais, sendo atendido pelo governador Luis Viana.

         Com o comando do tenente Pires Ferreira parte de Salvador a 1ª Expedição Militar contra o arraial de Canudos. O destino era Juazeiro, mas ao chegar a cidade a tropa não encontra os conselheiristas e decide partir em direção e decide partir em direção a Canudos. Em Uauá, após uma desgastante marcha de 150 quilômetros os militares chegam a cidade exaustos, debilitados e com problemas de comando. O encontro foi inevitável, sendo os militares pegos de surpresa pela procissão de centenas de conselheiristas, que entoavam cânticos, tendo a frente uma grande cruz de madeira e a bandeira do Divino. Foram recebidos  a bala pelos soldados. Foi o início da guerra propriamente dita. Depois de algumas horas de luta, era aparente a vitória das forças legais, com os canudenses se retirando do local. O que parecia vitória, tornou-se uma fragosa derrota, pois a expedição não tinha forças nem coragem para atacar Canudos. Naquele mesmo dia, os oficiais saquearam e colocaram fogo Uauá e retornaram a Juazeiro.

         No final de 1896, reúne-se em Monte Santo a 2ª Expedição sob o comando do Major Febrônio de Brito. A Expedição foi surpreendida  por emboscadas quando atravessava a Serra do Cambaio e diante de diante de algumas baixas e sem condições de prosseguir foi obrigada a um recuo lento e penoso.

         Naquele momento, a resistência dos fanáticos sertanejos já adquiria projeção nacional, pois a humilhação imposta ao exército e à República (recém instituída) já era demasiada. Tão freqüente era  o histerismo gerado pelos acontecimentos, que o pensamento dominante acusava Canudos como sendo o foco de uma insurreição contra o novo regime republicano, que consistia numa tentativa internacional de reimplantar o sistema monárquico no Brasil – o que era considerado pela camada política dominante um retrocesso em termos administração pública do Estado. O novo regime já enfrentava o desafia da revolta Armada e da Revolução Federalista, porém, agora, enfrentava as mesmas  ameaças acrescidas de um forte fundamentalismo religioso. Tal revolta oriunda dos sertões, sem dúvida, poderia rapidamente se proliferar país a fora, nos arraiais monarquistas e, quem sabe, com o apoio do exterior? Isto tudo serviria para desestabilizar fortemente o novo sistema implantado.

         Apenas um homem seria capaz de acabar com essa angustiante situação: o bravo veterano, coronel Moreira César, com seus 47 anos de idade, paulista de Pindamonhangaba, que chefiaria um contingente de 1300 homens, formando, assim, a terceira Expedição contra canudos.

         A expedição era constituída do 7º batalhão de Infantaria (Major Raphael Augusto da Cunha Matos) do 9º Batalhão de Infantaria (Coronel Pedro Nunes Tamarindo) e do 16º Batalhão de Infantaria (Coronel Souza Menezes), além de um esquadrão do 9º Regimento de Cavalaria (Capitão Álvaro Pedreira Franco), de uma bateria do 2º Regimento de Artilharia (Capitão José Agostinho Salomão da Rocha) e de pequeno contingente da força policial estadual.

         No sertão, a vitória dos jagunços sobre a coluna Febrônio eliminou qualquer dúvida a respeito dos poderes de Antônio Conselheiro, provocando um afluxo na direção de Canudos, constituído dos mais diversos tipos humanos, desde os pequenos criadores e vaqueiros crédulos até os sanguinários facínoras sertanejos. Alguns eram atraídos pelo misticismo, outros buscavam um abrigo seguro contra a lei.

         “Lá vão dois cartões de visita do Conselheiro”, disse, ao se aproximar de Canudos, quando ordenou o disparo de dois tiros de um dos seus dois canhões Krupp. Durante sua marcha, o maior medo do coronel Moreira César era que os conselheiristas abandonassem a cidade, o que o privaria, naturalmente, de inevitável glória de derrota-los em combate. O precipitado otimismo do coronel e de seus subordinados aumentava, a medida em que se aproximavam da cidade: “Vamos tomar a cidade sem disparar mais um tiro, tomá-la-emos à baioneta!”

         Num tempo onde não se tinha como conter tal doença, Moreira César contava com um adversário tão difícil de vencer quanto o Conselheiro: a Epilepsia, e, além disso, era dono de um temperamento instável e impulsivo. Acabou por sofrer de dois ataques epiléticos sérios durante sua campanha em Canudos.

         Então, o excesso de confiança de Moreira César foi inversamente proporcional à sua previdência: ordenou que seus homens atacassem após longo dia de marcha penosa, sem descanso. Obrigou-os a avançar até dentro do arraial, onde, além de impossibilitar o apoio da artilharia (que atingiria seus próprios homens se utilizada), travou-se luta corpo a corpo contra os homens do Conselheiro, que levavam extrema vantagem por conhecerem os labirintos e as ruelas onde a batalha se travou. Moreira César ordenou um ataque de cavalaria em planície aberta, o que complicou ainda mais sua situação, posto que a mesma se tornara um alvo fácil para os homens do Conselheiro, que se encontravam entrincheirados num reduto cheio de barreiras.

         Num gesto de agonia, Moreira César, talvez por receber que a derrota estava próxima, abandonou seu posto de comando, endireitou seu cavalo na direção de Canudos e avançou, proferindo: “Vou dar brio àquela gente!”. Tendo sido atingido no ventre por uma bala, vergou-se, largando as rédeas de seu cavalo, não mais conseguindo ir muito adiante.

         Em seu leito, Moreira César, desconhecedor da extensão do desastre, insistia ainda em novo ataque, até sua morte, na madrugada seguinte.

         Assumiu o comando, como mais antigo, o Coronel Pedro Nunes Tamarindo. Estava recebendo um encargo superior às suas forças.

         Decidiu-se efetuar a retirada da coluna para Rosário, a fim de reorganizá-la para realizar outra investida.

         Os canudenses não se intimidavam e, sem parar, fustigavam os expedicionários que fugiam pelo espigão rumo ao casario. Dali, passando pelas vertentes opostas, ganhavam a estrada e dispersavam-se.

         Os sertanejos recolheram e transportaram para Canudos os quatro canhões Krupp e grande carregamento de fuzis “Mannlichers” e “Comblains”, abandonados pela tropa atacante, que iriam substituir suas armas primitivas na continuidade da guerra que ainda teve uma 4ª Expedição Militar comandada pelo General Artur Oscar e dividida em duas colunas que após intensos combates e a presença do Ministro de Guerra mal. Bittencourt extermina o arraial a 5 de outubro de 1897.

 

Fonte de pesquisa:

 

OS SERTÕES. Euclides da Cunha

 
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