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Euclides e o berço de Os Sertões
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AQUECIMENTO GLOBAL: EUCLIDES JÁ SABIA
2011-06-24 14:35:56

 

AQUECIMENTO GLOBAL: EUCLIDES JÁ SABIA
 
Rosângela Aparecida Gomes Pereira
 
Especialista em História – Desenvolvimento do Capitalismo no Brasil
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Pardo
 
RESUMO: Considerando as intensas e devastadoras mudanças no clima mundial, e tendo Euclides da Cunha como precursor da ecologia e grande defensor da natureza, e sendo, muito provavelmente, um dos primeiros escritores a discorrer acerca das catástrofes naturais e de como a natureza é tratada pelo ser humano,este artigo tem como objetivo promover uma reflexão acerca do posicionamento do referido escritor que, já naquela época, mostrava-se contrário à devastação do meio ambiente gerada pelas queimadas que o colonizador aprendeu com os indígenas, assumindo, dessa forma, o papel de “fazedor de desertos”, concluindo que ohomem, tendo a capacidade de criar desertos, poderia, também, eliminá-los, como forma de corrigir o passado.
 
Palavras-chave: Euclides da Cunha; Meio Ambiente; Tapuia.
 
Diariamente somos informados, pelos meios de comunicação, das intensas, devastadoras e rápidas mudanças que estão ocorrendo no clima mundial. Vemos a Europa ser castigada por fortes ondas de calor, ciclones atingirem a costa sul do Brasil, desertos sendo aumentados a cada dia, furacões causando mortes e destruição nas mais diversas localidades da Terra e o desgelo das calotas polares, que tanto contribui para o aumento e o avanço dos oceanos.
 Questionando sobre a origem de tais fenômenos, encontramos a resposta unânime dos cientistas: o aquecimento global.  Segundo eles, este aquecimento tem ocorrido devido ao aumento da emissão de gases poluentes, sobretudo, aqueles derivados da queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, etc.), na atmosfera. Além disso, constituindo-se um fenômeno climático de larga extensão, também contribuem para esse processo o desmatamento e a queimada de florestas e matas, aumentando a temperatura média superficial global.
ma análise das obras de Euclides da Cunha revela que ele foi precursor da ecologia e grande defensor da natureza.
Euclides da Cunha definiu-se como tapuia (índio do sertão), confirmando a raiz indígena da raça brasileira, e foi, muito provavelmente, um dos primeiros escritores a discorrer acerca das catástrofes naturais e de como a natureza é tratada pelo ser humano.
É importante destacar que, ainda no século XVIII, tapuia era considerado o indígena de um grupo que não integrava às comunidades portuguesas e também não contemplava os hábitos de vida tupi-guarani. Na verdade, os tapuias apresentavam um modo de vida essencialmente tradicional, apesar de não rejeitarem a alfabetização, a assistência médica e social do governo imperial, bem como utensílios e técnicas que lhes fossem necessárias.
O escritor, incomodando-se com as agitações urbanas que ocorriam desde a proclamação da República, manifestou desejo de viver na roça, numa cidade pequena, com um círculo pequeno de amigos, estudando, trabalhando e sendo mais útil à terra. Para ele, tratava-se de uma aspiração difícil de ser realizada. Contudo, parece ter sido o único ideal que se concretizou exatamente como imaginou, isto porque ao viver três anos em São José do Rio Pardo, Euclides encontrou um circulo pequeno de amigos, que o ajudou a estudar, fornecendo-lhes livros e anotações, que foram fundamentais para a elaboração do livro “Os Sertões”, que se tornou uma das bases da cultura nacional, somado, evidentemente, à utilidade da ponte que reconstruiu e que se tornou o símbolo da cidade.
                   Rosso (2009), ao discorrer sobre a ecopolítica de Euclides da Cunha, afirma que ele, dentro de uma ótica fundamentalmente voltada par o interior do país, foi certamente o primeiro intelectual brasileiro a cultivar e externar preocupações com o meio ambiente fazendo, inclusive, da ecologia um tema político, de propostas de ação política.
                   Frente à sua firme formação, é sob a perspectiva positivista que Euclides registra, observa e critica os choques entre uma civilização com a natureza do país: “críticas essencialmente liberais, que essencialmente lançavam as bases, inéditas no país, avançadas ao extremo em seu tempo e antecipadoras dos conceitos e elementos do desenvolvimento sustentável, na permanente preocupação euclidiana no conciliar progresso com a preservação ambiental” (ROSSO, 2009).
 Já aos dezoito anos de idade, mais precisamente no ano de 1884, Euclides da Cunha, como relata Rosso (2009), escrevia um protesto em seu primeiro artigo “Em viagem”, publicado em um pequeno jornal dos alunos do Colégio Aquino, no Rio de Janeiro, revelando seu interesse e sua admiração pela natureza, o que permearia toda sua obra.
Nesse artigo, Euclides descrevia as impressões e maravilhas do cenário natural que se apresentavam durante viagem de bonde para o colégio onde estudava. Nele, o escritor discorria sobre as matas e as florestas da cidade do Rio de Janeiro, e apontava suas críticas ao progresso representado pela estrada de ferro que degradava a natureza. Em suas palavras:
 
Ah! Tachem-me muito embora de antiprogressista e anticivilizador, mas clamarei sempre e sempre: - o progresso envelhece a natureza, cada linha do trem de ferro é uma ruga e longe não vem o tempo em que ela, sem seiva, minada, morrerá! E a humanidade, não será dos céus que há de partir o grande "Basta" (botem b grande) que ponha fim a essa comédia lacrimosa. [...] Tudo isto me revolta, me revolta vendo a cidade dominar a floresta, a sarjeta dominar a flor! (CUNHA apud ROSSO, 2009, p. 32).
 
 
            O interesse pela natureza ficou mais intenso a partir de sua mudança para a cidade de Campanha, no interior de Minas Gerais. Nesta fase, já Engenheiro Militar e Oficial do Exército, Euclides observou as características físicas e geográficas da cidade e região e estudou geologia, lendo a obra de Emmanuel Liais (político, botânico, astrônomo e exploradorfrancês que permaneceu muitos anos no Brasil), citado, posteriormente, em “Os Sertões” (VENTURA, 1998).
            É nesse contexto que Euclides dirigia-se à paisagem, à natureza, como modo de superar a desilusão com a República e o Exército.
            Em suas obras, Euclides focou duas regiões consideradas pouco propícias ao homem: o sertão baiano e a selva amazônica.
            No tocante à Amazônia, os textos de Euclides continham denúncias sociais das condições de vida dos migrantes nordestinos nos seringais. Nesses textos, segundo Guillen (2000), parte-se do binômio natureza e cultura para esboçar a forma que, na visão de Euclides, tem a vida social na floresta, principalmente a vida no seringal.E assim, oscilando entre os encantos que a natureza oferece e o horror das sociedades que nelas se fixam, Euclides acredita que o homem se animaliza, não conseguindo produzir uma cultura que se imponha ao ambiente (GUILLEN, 2000).
             Euclides foi enviado a Canudos como correspondente de guerra em 1897 e elaborou diversas reportagens para o jornal “O Estado de São Paulo”, publicando, em 1902, “Os Sertões” criticando a violência da campanha militar.
            Tanto sobre o sertão baiano como sobre a selva amazônica, Euclides descreveu uma paisagem maravilhosa, expressando uma mistura de terror e êxtase, desilusão e deslumbramento (VENTURA, 1998).
             Em “Os Sertões”, o autor descreveu a região de Canudos, novale do rio Vaza-Barris, no nordeste da Bahia, numa concepção naturalista, alicerçada no historiador francêsHippolyte Taine que, de acordo com Ventura (1998), lhe forneceu a base científica para buscar correspondências poéticas entre os fatos narrados e a paisagem que o cercava.
             Assim, considerando as ideias de Taine, para quem a história de um povo é determinada por três fatores: o meio, ou o ambiente físico e geográfico; a raça, responsável pelas disposições inatas e hereditárias; e o momento, resultante das duas primeiras causas, Euclides dividiu “Os Sertões” em três partes: “A terra”, “O Homem” e “A luta”.
             Em “A terra”, o escritor focalizou a geologia e a geografia do sertão baiano, não deixando de escrever sobre o clima, a vegetação e sobre o sério problema das secas na região.
             Já em “O homem”, Euclides abordou as origens do homem americano, a formação racial do sertanejo e os malefícios da mestiçagem, vendo a guerra como resultante do choque entre dois processos de mestiçagem: a litorânea e a sertaneja.
            Por fim, em “A luta”, Euclides critica o Exército e o governo pela destruição da comunidade e pela degola dos prisioneiros, realizadas em nome da consolidação da ordem republicana.
            Já naquela época Euclides da Cunha mostrava-se contrário à devastação do meio ambiente gerada pelas queimadas que o colonizador aprendeu com os indígenas, assumindo, dessa forma, o papel de “fazedor de desertos”.
                   No conceito do autor:
A natureza não cria normalmente os desertos. Combate-os, repulsa-os. Desdobram-se, lacunas inexplicáveis, às vezes sob as linhas astronômicas definidoras da exuberância máxima da vida. Expressos no tipo clássico do Saara – que é um termo genérico da região maninha dilatada do Atlântico ao Índico, entrando pelo Egito e pela Síria, assumindo todos os aspectos da enorme depressão africana ao plateau arábico ardentíssimo de Nedjed e avançando daí para as areias dos bejabans, na Pérsia – são tão ilógicos que o maior dos naturalistas lobrigou a gênese daquele na ação tumultuária de um cataclismo, uma irrupção do Atlântico, precipitando-se, águas revoltas, num irresistível remoinhar de correntes, sobre o norte da África e desnudando-a furiosamente CUNHA, 1979, p. 46).
 
            Para Euclides, o homem, tendo a capacidade de criar desertos, poderia, também, eliminá-los, como forma de corrigir o passado.
 
Referências:
CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de canudos. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
GUILLEN, Isabel Cristina Martins. Euclides da Cunha para se pensar Amazônia. Artigo publicado em 2000. Disponível em <http://www.comciencia.br/reportagens/amazonia/amaz9.htm>. Acesso em 08 Mar. 2010.
ROSSO, Mauro. Escritos de Euclides da Cunha: política, ecopolítica e etnopolítica. Rio de Janeiro: Loyola, 2009.
VENTURA, Roberto. Visões do deserto: selva e sertão em Euclides da Cunha. In: Revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998.
 
 
 
OS FAZEDORES DE DESERTOS E A PERMANÊNCIA DO PENSAMENTO EUCLIDIANO
 
Prof. Guilherme Felice Garcia
 
 Professor dos Ciclos de Estudos Euclidianos
Professor em Ribeirão Preto,
Ituverava, Franca e São Joaquim da Barra.
(planetax1@gmail.com)
 
 

"Esquecemo-nos, todavia, de um agente geológico notável – o homem.
Este, de fato, não raro reage brutalmente
sobre a terra e entre nós, nomeadamente assumiu,
em todo o decorrer da história, o papel de um terrível fazedor de desertos.
Começou isto por um desastroso legado indígena.
Na agricultura primitiva dos silvícolas era instrumento fundamental – o fogo.”
 
 
Resumo: Observamos, em nossos dias, uma grande preocupação com a questão ambiental e por vezes pensamos erroneamente que nosso problema é atual, pois bem veremos que as preocupações com o meio ambiente remontam o início do século e que Euclides da Cunha foi um dos pioneiros a escrever e se preocupar com o tema.
 
Palavras-chave: ambiental, pioneiros, atual.
 
A citação acima se refere aos desertos provocados na região do nordeste com as queimadas praticadas de modo desastroso que, ao longo do tempo, foram devastando imensas áreas de "flora estupenda".
Não foi ela extraída de algum manual de entidades ecológicas, entre tantas nacionais e internacionais que criticam a omissão brasileira na questão das queimadas havidas na floresta amazônica. Ela é de autoria de Euclides da Cunha, ao estudar "a terra" em seu livro "Os Sertões", cuja primeira edição apareceu em 1902.
Em outro momento de Euclides vemos em “Contrastes e Confrontos” no texto “Fazedores de Desertos”.
“Atacaram a terra nas explorações mineiras a céu aberto; esterilizaram-na com o lastro das grupiaras; retalharam-na a pontaços de alvião; degradaram-na com as torrentes revoltas; e deixaram, ao cabo, aqui, ali, por toda a banda, para sempre áridas, avermelhando nos ermos com o vivo colorido da argila revolvida, a£ catas vazias e tristonhas com o seu aspecto sugestivo de grandes cidades em ruínas...
Ora, tais selvatiquezas atravessaram toda a nossa história.”
 
 
Em “Os Sertões” ele ainda conclui: “O martírio do homem, ali, é o reflexo de tortura maior, mais ampla, abrangendo a economia geral da Vida. Nasce o martírio secular da Terra.”
Euclides, já então no início do século, demonstrando certa perplexidade e amargura, apontava o absurdo das queimadas para abrir espaços para a atividade pastoril ou, "ao mesmo tempo o sertanista ganancioso e bravo, em busca do silvícola e do ouro".
Um século se passou e a prática do fogo continuou destruindo desordenadamente as florestas brasileiras, praticamente extinguindo a mata atlântica e agora, em proporções assustadoras, a própria selva amazônica que por mais campanhas que sejam feitas continua nas mãos das madeireiras, sem que o governo tome alguma providência enérgica ou pelo menos firme perante a questão. É brutal a omissão oficial a essa calamidade, cuja fumaça cega transeuntes, fecha aeroportos e dificulta a respiração de crianças, exatamente na região antes conhecida como o "pulmão do mundo", qualificativo que fora um orgulho para nós brasileiros.
À omissão, aliam-se o absoluto desrespeito à vida, pela natureza e pelo mistério das matas virgens, com as milhares de vidas que sustentam, extintas, inapelavelmente, pelo fogo.Pois esses indivíduos que exploram madeira na Amazônia, não costumam chamar de "pau" uma árvore com dezenas de anos, exuberante, em vias de ser cortada para ser vendida às serrarias estrangeiras? Não a transformou em mera mercadoria?
Em nossos dias, fala-se muito em ecologia nos discursos, nas solenidades simbólicas de plantio de árvores, nas escolas, mas, na prática, a realidade é dolorosa, assustadora e devastadora.
As autoridades que poderiam reverter esse processo criminoso omitem-se, fecham os olhos ao se depararem com a fumaça das queimadas e se voltam para a política barata, ao supérfluo, às questões e interesses partidários, à vaidade, à tolice, ao lucro de podem ter.
Há projetos de implantar o ensino permanente de ecologia nas escolas, de ordem que, no futuro, as crianças de hoje, cuidem da natureza, devotem mais amor por ela. Mas, o futuro já corre sérios riscos. O grave problema se verifica no presente. As ações devem ser tomadas agora, energicamente, de tal maneira que sobre algo para ser cuidado no futuro. Que valha a pena.
Podemos observar que palestras como a do ex-vice presidente americano Al Gore, que esteve recentemente no Brasil, causam impacto no mundo todo, então por que no tomamos uma providência concreta sobre a questão?
O desrespeito chegou ao insuportável. O despreparo das entidades oficiais em enfrentar tais crimes é desanimador. Chega a ser patético. As entidades não governamentais (ONGs), por sua vez, apenas denunciam e denunciam, mas não saem a campo em campanhas de protesto e de conscientização com folhetos explicativos debates na TV que tenham certo nível de credibilidade.
E as queimadas abomináveis continuam.
Há mais de vinte anos, a revista "O Correio da Unesco", reportava-se ao "Avanço do Deserto" na Terra, esclarecendo uma das reportagens:
"Muitos acreditam que os desertos do Oriente Médio e da região mediterrânea foram criados pelo homem. Há dois ou três mil anos, as vertentes e as planícies do Líbano, da Síria, o litoral do Egito e da Tunísia eram cobertos por rica vegetação (lembremos os famosos cedros do Líbano) e forneciam a Roma grandes quantidades de madeira, cereais, azeitonas, vinho e outros produtos.
O abate de árvores, a destruição das florestas e da vegetação herbácea e o pisoteio das pastagens, juntamente com a erosão pelo vento e pela água, transformaram esses territórios em semi-desertos".
 
Incluindo as queimadas que em muito aumenta a gravidade da tragédia, estamos seguindo exatamente essa receita. A de construirmos desertos na região mais exuberante do planeta: a Amazônia.
Esse quadro desolador no "atacado", se manifesta também no "varejo" em todas as cidades. Árvores das ruas são cortadas indiscriminadamente, com a tolerância das autoridades, ora porque "fazem sujeira" com as folhas, porque dão sombra, porque danificam o asfalto e ora porque "esteticamente" incomodam o cidadão intolerante e insensato.
E, sem qualquer reflexão, às centenas, as árvores vão sendo cortadas das ruas sem serem substituídas, permanecendo seu toco como um alerta à insensibilidade humana.
E não só Euclides da Cunha se preocupou com o assunto, ao longo do século XX muitos cientistas, principalmente a partir da década de 1970 se preocuparam e denunciaram os problemas apontados acima sem que ninguém lhes desse crédito, como se os cientistas, pessoas que sabem o que dizem por conta de anos de estudos, fossem simplesmente lunáticos querendo provocar algum tipo de histeria coletiva.
Observamos também que em razão do crescimento populacional, aumentaram as necessidades de consumo no mundo inteiro, o comércio reagiu, partindo com todas as forças para sua fonte de matérias-primas, ou seja, o meio ambiente. Mas se tudo isso é inevitável podemos pensar que o avanço científico e do uso de tecnologias deveria há muito tempo ter corrigido esse problema entre aumento da população e acesso aos recursos naturais, então voltamos a perguntar, onde estão as autoridades de país e do mundo que não atentam para o problema.
Praticamente todos os países do mundo se comprometeram em Kyoto a tomar providências com relação ao aspecto global, sem que na verdade muitas dessas ações não saíssem do papel.
Observem este outro trecho de “Fazedores de Desertos”:
“As conseqüências repontam, naturais.
A temperatura altera-se, agravada nesse expandir-se de áreas de insolação cada vez maiores pelo poder absorvente dos nossos terrenos desnudados, cuja ardência se transmite por contato aos ares, e determina dois resultados inevitáveis: a pressão que diminui tendendo para um mínimo capaz de perturbar o curso regular dos ventos, desorientando-os pelos quatro rumos do quadrante, e a umidade relativa que decresce, tornando cada vez mais problemáticas as precipitações aquosas”.
 
Vejam quão atual é o trecho de cem anos...
Temos observado vários pontos do planeta com temperaturas inacreditáveis como em 2003 na Índia em que os termômetros chegaram a marcar 50°C, os furacões que passaram a assolar a costa sul brasileira a partir de 2003, 2004, façamos uma reflexão do passado e olhemos para o presente ou mesmo o futuro.
Precisamos sim tomar providências, atitudes concretas, não podemos mais esperar as decisões governamentais, devemos trocar os velhos hábitos diários por novas posturas que tenham mais comprometimento com a atual realidade em que nos encontramos. Com novas tecnologias não podemos mais compartilhar de velhos hábitos, não podemos ver nossa extinção chegar sem que façamos algo concreto.
É chegada a hora de olharmos para o futuro e para nossas crianças, de tal ordem que vivam num mundo mais respeitoso com a natureza. Que, ainda que numa mera poesia, se inspirem na simpatia que deve existir entre uma árvore e o homem. Entre os animais e os homens e entre estes e a água, um elemento vital e que hoje tanto nos preocupa.
No que conta sobre a preservação das águas, são os discursos com as mesmices de sempre, promessas, decorrendo, ocasionalmente, medidas paliativas e modestas. No caso da fumaça das queimadas, fecham-se os olhos. No caso da água, tapam-se as narinas para não sentir o cheiro putrefato dos rios ou dos peixes mortos pela poluição. E como sentenciava Euclides em “Os Sertões” “Ou progredimos, ou desaparecemos”.
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
CUNHA, Euclides da. Os sertões, São Paulo: Publifolha, 2000.
________________. Contrastes e confrontos, ed. Record, 1975.
________________. Peru versus Bolívia, 1ª edição, Cultrix, 1975.
________________. À margem da História, 1ª edição, Cultrix, 1975.

 
Rosângela Aparecida Gomes Pereira
 
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