ANTONIO CONSELHEIRO, MONTANO E OUTROS HERESIARCAS DO SÉCULO
II EM OS SERTÕES
Pedro Lima Vasconcellos
Introdução
É bastante conhecida a afirmação de Euclides da Cunha
segundo a qual Antonio Conselheiro encarnava “um heresiarca do século II em
plena Idade Moderna” (Cunha, 2001: 278). Ninguém discute a força retórica
dessa expressão, que, aliás, se soma a tantas outras que fazem de Os
sertões uma obra de eloqüência admirável. Mas talvez se tenha dado pouca
atenção às razões que levaram o escritor fluminense recuar aos inícios do
cristianismo e aí localizar o Conselheiro, lamentando que um personagem com
este perfil aparecesse tanto tempo depois. Desinteresse da crítica ou suspeita
de que, sendo o autor agnóstico, seus enunciados a esse respeito seriam
irrelevantes? Se a razão fosse esta última, estaríamos desconsiderando as
observações que dão conta de um Euclides “supersticioso e preocupado com o
problema religioso” (Andrade, 1966: 184). Resta a primeira alternativa, em
relação à qual inserimos a presente contribuição.
Impõe-se um olhar sobre as intenções de Euclides ao
estigmatizar Antonio Conselheiro como herege (além de louco), para que se
compreendam as estratégias utilizadas na configuração de Os sertões,
em que pretende ao mesmo tempo tomar a defesa da gente de Belo Monte e afirmar a
inviabilidade do arraial conselheirista. A obra de Ernst Renan, particularmente
o volume Marc-Aurèle et la fin du monde antique, que encerra sua
grandiosa Histoire des origines du christianisme (surgida entre 1863 e
1882), teve aí lugar central, por ter descortinado a Euclides um universo
sugestivo. Sua leitura forma, com as teorias das escolas antropológica italiana
e da psicologia das multidões, o arcabouço teórico da análise sobre a
religiosidade do Conselheiro e de sua gente proposta em Os sertões (Otten
1990: 51).
É a essa questão muito específica que nos dedicaremos.
Nossa suspeita é de que o engenheiro-escritor de Os sertões tenha
supervalorizado alguns documentos que encontrou entre os escombros do arraial
praticamente destruído e os tenha inserido, não sem riscos, no interior do
quadro que Renan lhe desenhara a respeito dos inícios cristãos. Recolheremos
os dados que o próprio Euclides empresta do pensador francês, dando particular
atenção à forma como Montano e o movimento que leva seu nome aparecem aí,
dada a proximidade que teria com o Conselheiro e sua gente. Com isso pretendemos
compreender as razões que levaram Euclides a se embrenhar em universo assim
distante na busca de compreender outro mundo até então desconhecido: o
sertão.
I. Uma legião de anônimos
Na parte IV de “O homem”, quando finalmente Euclides faz
a apresentação de Antonio Vicente Mendes Maciel, “o falso apóstolo”, não
demora muito e somos remetidos “aos primeiros dias da Igreja, quando o
gnosticismo universal se erigia como transição obrigatória entre o paganismo
e o cristianismo” (Cunha, 2001: 253-254). Esse deslocamento até um momento
longínquo da história se justifica: “um antropologista
encontrá-lo-ia [o Conselheiro] normal, marcando logicamente certo nível da
mentalidade humana, recuando no tempo, fixando uma fase remota da evolução”
(Cunha, 2001: 254). Assim, é pela perspectiva evolucionista, que, aliás, marca
todo o livro, que somos remetidos às origens do cristianismo. Mas veremos que
não é só isso.
Euclides cita, um a um, movimentos surgidos no cristianismo
dos primeiros séculos, entre os quais caberiam muito bem Antonio Conselheiro e
sua gente. Quanto aos “adamitas infames” (Cunha, 2001: 255), eram
discípulos de um tal Pródico, e
pretendiam renovar os dias do paraíso terrestre por meio
de práticas muito afastadas da inocência primitiva. Sua Igreja se chamava
o Paraíso; eles a aqueciam e se mantinham nus... [Eles] negavam o valor das
leis estabelecidas, que qualificavam como regras arbitrárias (Renan, 1929:
125-126).
Os ofiólatras eram “pagãos adoradores da serpente, a quem
conveio um dia chamar-se cristãos” (Renan, 1929: 132). Já os maniqueus, “bifrontes
entre o ideal cristão emergente e o budismo antigo” (Cunha, 2001: 255),
estavam de antemão condenados ao fracasso na sua tentativa de conciliar a
cosmovisão panteísta oriental com “o quadro de uma religião semítica”
(Renan, 1929: 136). Por sua vez, “os discípulos de Markos” seguiam alguém,
oriundo da escola do famoso gnóstico Basílides, que propunha “fórmulas
sobre a tétrade, que pretendia terem sido reveladas a ele por uma mulher
celeste”. Praticava a magia, “inventou sacramentos particulares, ritos,
unções” e desenvolveu “artes reprováveis para seduzir as mulheres”
(Renan, 1929: 127). Finalmente os “encratitas abstinentes” (Cunha, 2001:
255) repudiavam o casamento (e, por conseqüência, as relações sexuais), o
vinho e a carne, e se serviam apenas de água nos rituais (Renan, 1929:
166-167).
A lista é um tanto extensa, e não teria razão de constar
na exposição de Euclides não fosse a síntese final, que dissipa qualquer
dúvida: “relendo as páginas memoráveis em que Renan faz ressurgir, pelo
galvanismo do seu belo estilo, os adoidados chefes de seita dos primeiros
séculos, nota-se [em Antonio Conselheiro] a revivescência integral de suas
aberrações extintas” (Cunha, 2001: 275). O atavismo do beato de Belo Monte
se explica, segundo Euclides, justamente quando se consideram a ação e os
ensinamentos desses desconhecidos mas aloucados líderes do cristianismo do
século II.
Mas o montanismo, grupo que Euclides cita antes dos que acima
foram apresentados, não é apenas um exemplo de insânia. O autor descobre nele
características específicas que tornam esclarecedora a aproximação com o
movimento liderado pelo Conselheiro. Para Renan, o montanismo teria surgido por
conta da demora da vinda de Cristo no dia final e pelo relaxamento vivido pela
Igreja em função desse atraso:
cada vez era menor o contraste entre a Igreja e o mundo.
Era inevitável que os rigoristas julgassem que se estava caindo no atoleiro
da mais perigosa mundanidade e que surgisse um grupo de pietistas para
combater o tédio geral, continuar os dons sobrenaturais da Igreja
apostólica, e preparar a humanidade, por um redobramento de austeridades,
para as provações dos últimos dias (Renan, 1929: 207-208).
Esse seria o lugar ocupado, em algum momento do reinado de
Marco Aurélio, imperador romano (161-180), pelo montanismo:
Espíritos simples e exaltados imaginavam ser chamados a
renovar os prodígios da inspiração individual, fora das cadeias já
pesadas da Igreja e do episcopado. Uma doutrina há muito tempo espalhada na
Ásia Menor, a de um Paráclito que deveria vir completar a obra de Jesus,
ou melhor, retomar o ensinamento de Jesus, restabelecê-lo em sua verdade,
purificá-lo das adulterações que os apóstolos e os bispos nela haviam
introduzido, tal doutrina, digo eu, abria a porta a todas as inovações
(Renan, 1929: 210).
A forma específica a essas novidades foi dada por um tal
Montano, da vila de Ardabav, na Mísia, nos confins da Frígia (região
interiorana do que hoje é a Turquia): “sem dúvida a imitação dos profetas
judeus e dos que a lei nova havia produzido, no começo da idade apostólica,
foi o elemento principal deste renascimento do profetismo” (Renan, 1929: 211).
E isso à margem das decisões episcopais: “era um profetismo totalmente
popular que surgia sem a permissão do clero, e queria governar a Igreja fora da
hierarquia” (Renan, 1929: 213). Desenvolvido também por Priscila e Maximila,
este movimento teve enorme repercussão, conquistando para suas fileiras o
célebre apologista Tertuliano. O rigorismo exigido de seus membros, a ânsia em
recuperar o ardor dos inícios cristãos e a exortação insistente ao martírio
fizeram do montanismo uma proclamação de enorme apelo no fim do século II e
início do III.
Euclides não tem dúvidas quanto a ver no Conselheiro um
novo Montano. O líder de Belo Monte “é um dissidente do molde exato de
Themison. Insurge-se contra a Igreja romana, e vibra-lhe objurgatórias,
estadeando o mesmo argumento que aquele: ela perdeu a sua glória e obedece a
Satanás” (Cunha, 2001: 275). Com efeito, de acordo com Renan, este personagem
obscuro, um dos líderes da seita frígia, “declarava que a Igreja católica
tinha perdido toda a sua glória e obedecia a Satanás” (Renan, 1929: 222).
Cá e lá as reprimendas ao “demônio dos cabelos”: se nos escritos
montanistas, garante-nos Renan, aparecem constantemente “proibições do luxo
feminino e, sobretudo, contra o artifício dos penteados” (Renan, 1929:
243-244), o Conselheiro punia “as vaidosas com dilaceradores pentes de espinho”
(Cunha, 2001: 276). Que a beleza fosse “a face sedutora de Satã” (Cunha,
2001: 276) Renan (1929: 553) já dizia ser convicção montanista. Na verdade, o
ascetismo supostamente vivido em Belo Monte denunciaria a recriação do
montanismo em terras sertanejas: “que os fiéis abandonassem todos os haveres,
tudo quanto os maculasse com um leve traço da vaidade” (Cunha, 2001: 276).
Mais adiante Euclides deixa ainda mais claro o vínculo que
estabelece entre Montano e o Conselheiro: o frígio, mais que um indivíduo, é
um paradigma:
Ademais esse voltar-se à idade de ouro dos apóstolos e
sibilistas, revivendo vetustas ilusões, não é uma novidade. É o
permanente refluxo do cristianismo para seu berço judaico. Montano
reproduz-se em toda a história, mais ou menos alterado consoante o caráter
dos povos, mas delatando, na mesma rebeldia contra a hierarquia
eclesiástica, na mesma exploração do sobrenatural, e no mesmo ansiar
pelos céus, a feição primitivamente sonhadora da velha religião, antes
que a deformassem os sofistas canonizados dos concílios. A exemplo de seus
comparsas do passado, Antônio Conselheiro era um pietista ansiando pelo
Reino de Deus, prometido, delongado sempre e ao cabo de todo esquecido pela
Igreja ortodoxa do século II (Cunha, 2001: 278-279).
E não apenas se encontram no Conselheiro traços
anteriormente verificados em Montano; Euclides considera possível supor no
antigo heresiarca aquilo de que tinha certeza em relação ao líder sertanejo:
“O frígio pregava-a [a moral, ‘a castidade exagerada ao máximo horror pela
mulher’], talvez como o cearense, pelos ressaibos remanentes das desditas
conjugais” (Cunha, 2001: 276).
II. O ponto central
Mas esses pontos de contato são acessórios, na análise
euclidiana. Mais importantes são as concepções de fundo, que definitivamente
permitem pensar o sertanejo a partir do frígio:
Esta identidade [entre Montano e Conselheiro] avulta,
mais frisante, quando se comparam com as do passado as concepções absurdas
do esmaniado apóstolo sertanejo. Como os montanistas, ele surgia no
epílogo da Terra... O mesmo milenarismo extravagante, o mesmo pavor do
Anticristo despontando na derrocada universal da vida. O fim do mundo
próximo... (Cunha, 2001: 276)
O ascetismo exigido dos adeptos de um e outro movimento tinha
a mesma justificativa: “todas as fortunas estavam a pique da catástrofe
iminente e fora temeridade inútil conservá-las” (Cunha, 2001: 276).
Aqui se chega ao ponto fundamental: Euclides vê em Belo
Monte as mesmas expectativas escatológicas cultivadas no seio do montanismo, a
“última recrudescência do milenarismo e do profetismo” (Renan, 1929: 207).
Essa identificação permite a Euclides mais uma vez recorrer a historiador
francês, agora de forma servil. Se o profetismo de Montano, que, “como todos
os profetas da nova aliança, transbordava de maldições contra o século e
contra o império romano”, não tratava de outra coisa que “o julgamento
próximo, a punição dos perseguidores, a destruição do mundo profano, o
reino de mil anos e suas delícias” (Renan, 1929: 215), a proclamação do
Conselheiro não fugia ao modelo: tinha “o mesmo tom com que despontou na
Frígia, avançando para o Ocidente. Anunciava, idêntico, o juízo de Deus, a
desgraça dos poderosos, o esmagamento do mundo profano, o reino de mil anos e
suas delícias” (Cunha, 2001: 278). A identificação entre um movimento e
outro fica reforçada pela transcrição. Com um agravante: a manifestação
sertaneja tem séculos de atraso.
O termo “milenarismo” vem de uma passagem do livro do
Apocalipse (20,1-6), e diz respeito à “crença num reino terrestre vindouro
de Cristo e de seus eleitos - reino este que deve durar mil anos, entendidos
seja literalmente, seja simbolicamente”; trata-se de uma “espera de um reino
deste mundo, reino que seria uma espécie de paraíso terrestre reencontrado”
(Delumeau, 1997: 17; veja também Vasconcellos, 1999: 79-92). Também chamado de
quiliasmo, refere-se “à busca de uma salvação total, iminente, derradeira,
terrena e coletiva” por “movimentos sociais que procuram uma mudança
radical e maciça de acordo com um plano divino predeterminado. Seus membros
rejeitam, em geral, a ordem social vigente e dela se afastam” (Levine, 1995:
29), pois
agora mesmo o mundo estava se aproximando, por meio de
incessantes conflitos, de um estado sem nenhum conflito. Chegaria um momento
em que, em uma prodigiosa batalha final, o deus supremo e seus aliados
derrotariam as forças do caos e seus aliados humanos, aniquilando-os de uma
vez por todas. A partir de então, a ordem divinamente estabelecida estaria
presente de maneira absoluta; as necessidades e as misérias físicas seriam
desconhecidas... a ordem do mundo jamais voltaria a ser perturbada ou
ameaçada (Cohn, 1996: 296).
Assim, o milenarismo indica a “espera de um reino deste
mundo, reino que seria uma espécie de paraíso terrestre reencontrado”. No
âmbito da tradição cristã, diz respeito à “crença num reino terrestre
vindouro de Cristo e de seus eleitos - reino este que deve durar mil anos,
entendidos seja literalmente, seja simbolicamente” (Delumeau, 1997: 18). A
ação divina transformará o cosmos e o recriará de forma a se superarem os
dramas presentes, o que modifica a postura diante da opressiva hora atual. O
tempo novo integra um plano divino previamente estabelecido e de cuja
revelação e conhecimento vivem os milenaristas, pois representará a
salvação deles e a destruição dos pecadores, os responsáveis pelo atual
estado de coisas (Lanternari, 1994: 303-324).
A ser entendido desta forma, Belo Monte seria uma comunidade
de pessoas ansiando pela vinda do milênio, de uma nova era, como tantas outras
“pré-Jerusaléns, salas de espera espirituais onde se aguardava a entrada
triunfal ‘na mais fértil das terras’, no reino miraculoso cheio de
bênçãos para o corpo e para a alma” (Levine, 1995: 331-332; a expressão
citada é de Norman Cohn). O que ali se vivia era apenas prefiguração do que
estava para se dar, do qual apenas os eleitos, os habitantes do arraial, seriam
os beneficiados. Daí a separação do mundo, a recusa em observar as leis
estabelecidas, a revolta contra a ordem política estabelecida.
O perfil do arraial conselheirista, desenhado em Os
sertões, se insere nesta perspectiva. Ou melhor, na verdade Euclides funda
essa vertente interpretativa a respeito de Belo Monte, que tanta repercussão
haveria de ter posteriormente. Segundo ele, os habitantes de Belo Monte “nada
queriam desta vida”, vivendo que estavam “sob a preocupação doentia da
outra vida” (Cunha, 2001: 299), embalados no delírio religioso que a todo
momento seu líder alimentava em inflamadas pregações e com o testemunho de
sua vida penitente. Assim, o diagnóstico é preciso: o Conselheiro é um
herege. E se na antiga Frígia “uma credulidade desenfreada, uma fé a toda
prova nos carismas espirituais, faziam do montanismo um dos tipos de fanatismo
mais exagerados da história da humanidade” (Renan, 1929: 233), no sertão
baiano o que se assistia não merecia classificação menos taxativa: no “misticismo
feroz e extravagante” do líder daquela agitação se condensavam “todas as
crenças ingênuas, do fetichismo bárbaro às aberrações católicas, todas as
tendências impulsivas das raças inferiores, livremente exercitadas na
indisciplina da vida sertaneja” (Cunha, 2001: 252).
III. Buscando lá o que falta aqui
Como se viu, o recurso a Renan, particularmente a sua
exposição sobre o montanismo, ocupa papel significativo na tarefa
hermenêutica a que Euclides se propõe: descobrir o sentido daquela
manifestação sem sentido e atávica que foi o arraial liderado por Antonio
Conselheiro. Salientamos que a recuperação de manifestações heréticas do
princípio do cristianismo objetivava também mostrar o atraso do que se via nos
sertões baianos: “todas as seitas em que se fracionava a religião nascente,
com os seus doutores histéricos e exegeses hiperbólicas, forneceriam hoje
casos repugnantes de insânia. E foram normais” (Cunha, 2001: 255). Antonio
Conselheiro e seu séqüito teriam lugar garantido e fariam sentido se houvessem
aparecido dezessete, dezoito séculos antes.
Mas vimos que a recuperação do montanismo ocupa lugar
especial. E ao atavismo aqui se apresenta outra razão: o conselheirismo se
alimentava de esperanças escatológicas similares, de cunho milenarista,
àquelas de que viveram as comunidades cristãs da Frígia e de outras regiões
nos séculos II e III.
No entanto, o que Euclides fez não foi colocar dois
movimentos milenaristas em paralelo, mas transformar a pregação de Antonio
Conselheiro, por meio de sua associação com a de Montano, em algo de cunho
milenarista. A exposição de Renan forneceu a Euclides o quadro geral em que os
poucos dados recolhidos em Belo Monte puderam caracterizar uma certeza: ele
estava diante de um arraial quiliasta.
Esse perfil desenhado por Euclides não encontra apoio
suficiente nos documentos conhecidos, mesmo aqueles transcritos em sua Caderneta
de campo (1975), muito menos nos registros de outros jornalistas, militares
e religiosos que conheceram o arraial e deixaram escritas suas impressões. A
famosa “profecia”, da qual Euclides transcreveu algo em Os sertões
(Cunha, 2001: 277), e na qual baseou sua avaliação, não permite concluí-lo.
A parte principal do texto é a seguinte:
... Em 1889 será despedido o Imperador da Corte pelos
homens desgraçados do Brasil. Em 1891 guerra; Nação contra Nação. Em
1892 grande multidão de pecadores, uns convertidos e outros emendados que
não se conhecerá nem rico nem pobre. Em 1893, prata, ouro, cobre não
haverá, correrá uns bilhetes vermelho feitos por mão dos homens,
arrebentando da Tesouraria. Em 1894 há de vir rebanhos mil correndo do
centro da Praia para o certão então o certão virará praia e a praia
virará certão. Em 1895 os homens dos seus barcões abrirão as portas e
assentar-se-ão em cima de seus barcões e não há de vender cinco réis de
fazenda. Em 1896 há de haver guerra Nação com a mesma Nação, o sangue
há de correr na terra. Em 1897 haverá muito pasto e pouco rasto e um só
pastor e um só rebanho. Em 1898 haverá m chapéus e poucas cabeças. Em
1899 converter-se as águas em sangue o planeta há de aparecer no nascente
com o raio do Sol q o ramo se confrontará com a terra e a terra em algum
lugar se confrontará com o Céu, ajuntará-se astronámos da terra se
ajuntará com os mares; planetas do Céu há de brigarem com os astronámos
da terra. Há de chover uma grande chuva de estrelas; cairá muitos meteoros
na terra que daí será o fim do mundo. Em 1901 se apagarão as luses. Deus
disse no Evangelho - eu tenho um rebanho que amo fora deste aprisco e é
preciso que se reúnam, porq. há um só Pastor em um só rebanho. Diz o
Profeta Jeremias para 1901 existe um só pastor geral e um só rebanho. Fim
Neste Arraial de Belo Monte aos 24 de Janeiro de 1890
(Cunha, 1975: 74-75).
Os problemas deste texto são muitos: a Caderneta de
Euclides mostra que ele é anônimo, sem qualquer indicação de ter sido
escrito pelo Conselheiro; por outro lado, guarda semelhanças com muitos outros
que circulavam pelo Nordeste inteiro (Villa, 1995: 235-236; Hoornaert, 1997:
119-120). Além disso, apresenta-se como surgido em Belo Monte no ano de 1890,
quando se sabe que o arraial de Canudos recebeu o novo nome em junho de 1893,
quando o Conselheiro ali se instalou com sua gente.
No entanto, qualquer que seja a data, com certeza estamos
diante de um dos melhores exemplos, e o testemunho mais eloqüente da presença
em Belo Monte, daquilo que já se chamou, apropriadamente, de “cultura do fim
do mundo” (Pompa, 1995: 164), associada com situações de seca, guerra e
calamidade. Além disso, sabe-se que esses temores quanto ao fim eram
alimentados nas missões e pregações do clero.
A profecia em questão apresenta predições relativas a
diversos anos, desde 1822. A partir de 1892 elas se referem a anos seguidos até
1899. Para o ano 1901 se afirma o fim, quando se confirmará a existência de um
só rebanho e um só pastor. Uma expressão aí atribuída ao profeta Jeremias,
mas cuja referência bíblica mais imediata se encontra em Jo 10,16. De toda
forma, o rebanho guiado pelo único pastor, tendo enfrentado a guerra (iniciada
em 1896) e a carestia (1897), poderá aguardar o fim, num cenário de mortes
(1898) e cataclismos cósmicos (1899), descritos com imagens que evocam
claramente o Apocalipse. Se algum elemento pode ser de difícil identificação,
a expectativa de fundo é clara: “Até o dia do julgamento!” (Barros, 1995:
80).
Além disso, se o texto da “Profecia” parece expressar
adequadamente os temores e esperanças de ao menos parcela da gente que habitava
Belo Monte no contexto da guerra, certamente não permite vislumbrar as
motivações que terão feito o arraial se constituir, em 1893. Frei João
Evangelista de Monte Marciano (1895: 5), ao visitar o arraial, em meados de maio
de 1895, ouviu que a razão de as pessoas venderem seus bens e irem viver junto
ao Conselheiro era que à beira do rio Vaza-barris se encontrava “a terra da
promissão, onde corre um rio de leite, e são de cuscuz de milho os barrancos”.
Outros testemunhos apontam em direção semelhante. E o relatório do
missionário não aponta para nenhum aspecto que apontasse para esperanças
apocalípticas ou milenaristas, o que é admirável em se tratando de um
documento de alguém com conhecimentos ao menos básicos em termos de doutrina e
teologia católica. O cenário da guerra é que trará à tona expectativas
desse teor no interior do arraial.
Assim, a interpretação de Euclides ao material encontrado
em Belo Monte é questionável, por não considerar uma distinção básica,
entre expectativas milenaristas e aguardo de um juízo final, temerário e
iminente; aquelas supõem este, mas nem todo julgamento escatológico é pensado
na perspectiva de um milênio vindouro.
Este caráter milenarista Euclides vai buscar em Montano. Nos
documentos havia indícios da expectativa de um julgamento final, a ocorrer,
segundo a profecia mencionada, na virada do século XIX para o XX. Mais nada. A
esperança da “salvação total, iminente, derradeira, terrena e coletiva”
(Levine, 1995: 29) não pode ser deduzida dos materiais coletados e registrados
na Caderneta de campo de Euclides.
A ignorância a respeito das convicções conselheiristas,
mormente as de cunho escatológico, talvez explique as razões que levaram o
autor, no esforço em compreendê-las, a recorrer a Montano. Mas não era
necessário ir tão longe. Bastava transcrever em sua obra maior um diálogo
esclarecedor que travou com um “jaguncinho” de 14 anos, a 19 de agosto de
1897, registrado numa de suas reportagens enviadas ao Estado de São Paulo.
Aprisionado e trazido à capital Salvador, Agostinho é submetido a
interrogatório que mais parece espaço para satisfação de curiosidades. Mas
Euclides tem consciência da importância do momento. Depois de ter-se informado
sobre a gente do arraial e seus líderes, sobre o cotidiano da vila, levantou,
junto com outros militares, interrogações “sobre questões mais sérias”:
armas, e convicções religiosas. Quanto a estas últimas, a surpresa de
Euclides se manifesta na resposta à pergunta pela promessa feita pelo
Conselheiro a quem morresse na luta: “Salvar a alma” (Cunha, 2000: 111).
Por que a resposta “soou inesperada” a Euclides, se “salvar
a alma” era tudo a que o cristão mediano, minimamente conhecedor da doutrina
católica convencional, aspirava? O espanto vem justamente da concordância
entre as promessas do herege fanático e ignorante e o que os padres ensinavam
conforme o catecismo tridentino, certamente conhecido de Euclides! Pois para o
inquiridor, que neste momento sintetizava o sentimento da nação e perguntava o
que esta na verdade julgava já saber, importava marcar a diferença, arrancar a
aberração, comprovar o absurdo. A concordância então espanta, incomoda, e
começa a colocar em cheque a polarização entre doutrinas palatáveis e
fanatismo, entre religiosidade viável e manifestações derivadas da
ignorância. Euclides não terá notado, ou pelo menos não registrou (tê-lo-á
compreendido depois?) que a diferenciação entre a experiência religiosa em
Belo Monte e aquela legitimada pelo cristianismo católico de seu tempo se
encontra em outras latitudes. De toda forma, não podia contar com tal
concordância em assunto sobre o qual julgava ter certeza e que justificava
todos os adjetivos com que os rudes sertanejos eram classificados: aquilo em que
acreditavam. Não podia crer que não cressem em milagres ou ressurreições
retumbantes. O fato de esta parte do interrogatório e as surpresas por ele
provocadas não terem sido inseridas em Os sertões, certamente porque
não se coadunavam com o modelo de Belo Monte que o autor insiste em alimentar,
esclarece, por outro lado, porque foi necessário recorrer ao montanismo e a
Renan: para configurar um modelo claramente distinto, em que a diferença fica
definitivamente marcada, o atavismo salientado, a aberração estabelecida
(Villa, 2002: 23). Também nesse sentido é verdade que Euclides, na confecção
de Os sertões, “tem necessidade de interpretar o movimento de
Canudos como movimento milenarista” (Decca, 2002: 164; grifo nosso): se a
presença in loco convenceu-o, a custo, de que o modelo colhido em Victor
Hugo, o da Vendéia francesa, não era viável para interpretar a saga de Belo
Monte, será preciso outro, que confirme a insensatez do projeto do Conselheiro.
Uma última observação. A leitura apressada que Euclides
fez de Renan e os vínculos atabalhoados que estabeleceu entre os movimentos
religiosos do início do cristianismo e a vivência religiosa do Conselheiro e
sua gente foi responsável por pelo menos mais um equívoco, oculto sob a
retórica impecável de sempre. Trata-se da conhecida expressão “gnóstico
bronco” aplicada ao Conselheiro, após a inserção dele no rol dos movimentos
cristãos do século II (Cunha, 2001: 255). O montanismo, com suas esperanças e
certezas apocalípticas, caracterizava uma tendência religiosa que andava na
contramão do gnosticismo, centrado numa espiritualidade com viés
individualista e especulativo e pouca (ou nenhuma) preocupação escatológica.
Se “o gnosticismo teve um papel considerável na obra da propaganda cristã.
Foi freqüentemente a transição pela qual se passava do paganismo ao
cristianismo” (Renan, 1929: 139), e Euclides o reconheceu (2001: 254),
acrescentando que tal transição foi obrigatória (Nascimento, 1997: 17-18),
não cabe atribuir ao autor francês a responsabilidade pela inserção do
montanismo no rol das expressões gnósticas do século II. Não é possível
vincular Antonio Conselheiro ao mesmo tempo ao montanismo e ao gnosticismo. Essa
contradição não terá sido percebida devido à pouca atenção dada a
detalhes trazidos pelas fontes utilizadas por Euclides, particularmente daquela
que lhe configurou o panorama religioso dos inícios cristãos, e que tanta
serventia lhe teve.
Conclusão
“Quem não vê o enorme perigo de uma crença como essa?”,
eis a pergunta de Renan para expor e justificar a reação da hierarquia
eclesiástica ao montanismo que se espalhava ameaçadoramente por toda parte
(1929: 212-213). Euclides a todo momento, ao apresentar Antonio Conselheiro e
sua suposta pregação, se pergunta pelo perigo, mas também pela insânia das
concepções que faziam a vida e as ilusões da gente de Belo Monte. Para ambos
a solução era um só: “Se Marco Aurélio... tivesse empregado a escola
primária e um ensino de Estado racionalista, ele teria prevenido mais
eficazmente a sedução do mundo pelo sobrenatural cristão” (Renan, 1929:
345-346). Com certeza, “é impossível não pensar aqui no mestre-escola
reivindicado [por Euclides] para os sertões nordestinos” (Silva e Silva,
1986). Cá e lá a educação, meio para eliminar atavismos, para fazer
abandonar crendices religiosas e fantasmagóricas.
E não nos perguntemos por que razões, mais uma vez,
Euclides não transcreve em Os sertões a informação, recolhida em seu
caderno de anotações (Cunha, 1975, 23), que registrava a existência de
escolas em Belo Monte... De toda forma esse detalhe patenteia o incômodo do
escritor perante “um levante cujo fulcro agregador é a religião, coisa que,
francamente, para ele cheirava à pior das superstições” (Galvão, 1981:
94).
Mas o percurso feito aqui terá mostrado que os problemas da
leitura euclidiana vão mais longe, mostrando que Antonio Conselheiro e sua
gente “não entregaram a chave de sua decifração aos métodos utilizados
pelo escritor” (Galvão, 1981: 95). Se foi no mínimo infeliz a
interpretação da experiência religiosa vivida em Belo Monte tendo por base os
escritos de Renan e, em particular, o montanismo aí aparecido, não se pode
deixar de perceber a conveniência dela para os propósitos do escritor: “a
comparação [entre Montano e Antonio Conselheiro] é precipitada e distorce os
fatos históricos, mas vai ao encontro do resultado que proveio da [sua] teoria
da mestiçagem e da coletividade anormal” (Otten, 1990: 27). Como dissemos no
início, o vínculo entre Montano e Antonio Conselheiro joga papel importante no
esforço euclidiano de ao mesmo tempo tomar partido da gente conselheirista
contra o massacre a ela perpetrado e manifestar a total inviabilidade do arraial
sertanejo. Não tinha razão de ser uma comunidade que vivia em função de
expectativas tão disparatadas e sem sentido.
Além disso, vale notar a sintonia existente entre o
pensamento euclidiano e as preocupações das elites eclesiásticas que, no
decorrer dos séculos, esmeraram-se em desqualificar as manifestações
religiosas autônomas, dos indígenas e das comunidades negras, e mais
recentemente as próprias expressões populares do catolicismo. Só nessa
perspectiva, de longa duração na história brasileira, se entendem
expressões, estranhas na pena de um agnóstico, como aquela segundo a qual Belo
Monte encarnava o caso de uma “seita esdrúxula - caso de simbiose moral em
que o belo ideal cristão surgia monstruoso dentre aberrações
fetichistas” (Cunha, 2001: 302; grifo nosso). Como poderia o escritor, de
outra forma, afirmar que o Conselheiro “abeirara-se apenas do catolicismo mal
compreendido” (Cunha, 2001: 279)? Por que qualificar o “beija das imagens”
como “transmutação do cristianismo incompreendido” (Cunha, 2001: 314)?
Euclides da Cunha não conheceu as prédicas de Antonio
Conselheiro. Sua afirmação de que nelas teríamos a expressão de “uma
oratória bárbara e arrepiadora” (Cunha, 2001: 274) é gratuita, e forma
parte do quadro cujas características básicas procuramos aqui expor. Sabe-se
que um dos cadernos atribuídos ao Conselheiro passou por suas mãos, mas anos
após o lançamento de Os sertões, dias antes de sua morte trágica
(Nogueira, 1997: 35-36). Se tivesse tido a oportunidade de folhear as páginas
do caderno, certamente se espantaria com a distância entre o quadro que
desenhou e aquilo que agora lhe vinha ao conhecimento: um pensamento religioso
corretamente articulado. Como tal não ocorreu, e o caderno precisou esperar
até 1974 para ser editado e conhecido, o modelo euclidiano fez escola. Mesmo
que Montano não fosse de novo citado, a tese de um Belo Monte milenarista
seduziu estudiosos díspares (Queiroz, 1997: 215-241; Levine, 1995) e configurou
as referências comumente atribuídas ao arraial. Se tantos aspectos da
interpretação euclidiana sobre o Belo Monte de Antonio Conselheiro já foram
percebidos como frutos muito mais das fontes de que ele dispunha (e de como as
lia, obviamente) que dos dados que ele pôde recolher do sertão, também o de
um Belo Monte milenarista parece merecer o mesmo diagnóstico. O que, se não
chega a comprometer a apaixonada defesa que Euclides faz da gente sertaneja e a
eloqüente denúncia do brutal massacre a ela perpetrado, limita seu alcance,
já que, no fim das contas, o empreendimento conselheirista era inviável.
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