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Euclides e o berço de Os Sertões
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Anchieta em contrastes e confrontos
2001-06-08 00:00:00

 

Conhecer e compreender mais profundamente a obra de Euclides da Cunha não é tarefa fácil, principalmente para os que desconhecem totalmente o seu estilo. Mas independentemente disso, mesmo não sendo um "euclidianista de primeira linha", é impossível não admirar sua obra pela qualidade e variedade dos temas abordados, por várias vezes reverenciada por sua atualidade sempre crítica.

Muitas vezes são temas mais técnicos e de um detalhismo que assusta o leitor não acostumado e preparado para a árdua tarefa, o que em nada tira o seu valor literário.

Outras vezes, como no caso do ensaio "ANCHIETA", em Contrates e Confrontos, fica difícil entender o relação entre o escritor e o objeto da obra. O que estaria fazendo o padre José de Anchieta na obra de Euclides da Cunha?

Não que eu queira determinar o que pode e o que não pode compor a obra de Euclides da Cunha, mas a personagem pareceu-me, a princípio, deslocada do conjunto da obra.

Mas, que pretensão minha querer analisar o estilo de Euclides da Cunha!!!

A dificuldade é inerente ao próprio estilo de Euclides da Cunha, mas nada que uma, duas, três leituras desse pequeno ensaio, para mostrar o nível elevado do tratamento dispensado ao Apóstolo do Brasil, o Beato Anchieta. Principalmente por saber que ele foi escrito em 1897 e publicado no jornal O Estado de São Paulo, numa época em que, seguramente as informações sobre Anchieta não eram tão conhecidas e divulgadas como hoje, principalmente após a sua beatificação pelo Papa João Paulo II, em 1980.

O padre José de Anchieta nasceu em 19 de março de 1534 em San Cristóbal, nas Canárias, e faleceu a 9 de junho de 1597, em Reritiba, atual Anchieta, no Brasil. Membro da Companhia de Jesus, ordem religiosa nascida na agitada Europa pós Reforma Luterana, veio para o Brasil com a missão primeira da catequese, convertendo os nativos à fé cristã. Para Euclides da Cunha "o grande missionário reconcilia-nos com a Companhia de Jesus".

Alguns anos após a chegada ao Brasil dos soldados de Cristo, em 1554, juntamente com o padre Manoel da Nóbrega, funda o colégio de São Paulo, núcleo da futura cidade de São Paulo e que durante muito tempo foi o centro de irradiação de todo o movimento missionário de catequese posto em prática pela Companhia de Jesus no Brasil. Foi também, por intermédio de José de Anchieta, quando estava na condição de chefe da ordem religiosa no Brasil, que os primeiros jesuítas foram mandados para a região que hoje é o Paraguai.

Dedicou praticamente toda a sua vida ao gentio, e para melhor entendê-lo e catequiza-lo, aprendeu sua língua para posteriormente escrever uma gramática e um vocabulário em tupi, além de folhetos que auxiliaram a ação missionária de outros catequistas.

Em um momento crítico, nos primeiros anos de Brasil, está presente na luta conduzida por Estácio de Sá para expulsar os franceses da baía da Guanabara e pacificar seus aliados, os perigosos e temidos tamoios. E foi para conseguir essa pacificação que se ofereceu em cativeiro, "sob a ameaça persistente do martírio e da morte." Foi durante essa prisão que compôs o poema "De Beata Virgine Dei Matre Maria" , considerada a primeira grande obra literária escrita no Brasil.

Mas tudo girava em torno de sua preocupação maior com o elemento nativo que, além da conversão, deveria manter-se livre. Segundo Euclides: "depois do combate incruento à idolatria, depois da catequese das tribos .... a preocupação capital de salvá-las ( as almas nativas) da escravidão".

"Um dos homens mais extraordinários do século XVI... não há um salto, um hiato... perturbando a continuidade de sua existência privilegiada de grande homem - útil, sincero e bom."

Euclides dá mais uma prova de sua versatilidade nessa justa homenagem ao Apóstolo do Brasil, o Beato Anchieta.

 
Marcos De Martini
 
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