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Euclides e o berço de Os Sertões
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MISTO DE CELTA, DE TAPUIA E GREGO. RINCIPALMENTE GREGO.
2004-08-23 15:59:25

 

"Misto de celta, de tapuia e grego" é um verso de Euclides da Cunha, decassílabo. Minha intenção não é interpretá-lo, no sentido de tornar claro o que o autor quer dizer com ele - mas produzir um texto inspirado por ele.

O escritor Rubem Alves, autor de O Gambá Que Não Sabia Sorrir, de A Pipa e a Flor, insurge-se contra a interpretação que visa a explicar o que o autor queria dizer com determinado texto: "É preciso compreender que o escritor nunca quer dizer alguma coisa. Ele simplesmente diz. O que está escrito é o que ele queria dizer. Se me perguntam ‘O que você queria dizer?’, eu respondo: ‘Eu queria dizer o que disse, se eu quisesse dizer outra coisa, eu teria dito outra coisa, e não aquilo que eu disse’. Citando Otávio Paz, afirma que a resposta a um texto nunca deve ser uma interpretação - mas um outro texto, sugerido pelo primeiro, o que torna a tarefa do leitor-crítico muito mais prazerosa e criativa. É por essa trilha que pretendo caminhar.

Euclides da Cunha não foi substantivamente poeta, mas escreveu alguns poemas. Manuel Bandeira afirma que "o próprio Euclides teria cedo reconhecido que o verso não seria nunca o seu apto instrumento de expressão literária" e que o poder transfigurador poético desse escritor está "na sua prosa máscula, um tanto bárbara, às vezes, mas sempre magnífica - na prosa de Os Sertões sobretudo."

Entretanto, quem lê as Ondas e Outros Poemas Esparsos, não pode negar que Euclides lidava bem com os decassílabos e os alexandrinos, e nesses metros viris encontra presságios rítmicos da posterior prosa máscula de Os Sertões.

Não sou a primeira nem serei a última a encontrar parágrafos de Os Sertões finalizados com versos de métrica perfeita, sobretudo decassílabos:

"...o pardo requeimado das caatingas."

"...o traço melancólico das paisagens..."

"...o aspecto atormentado das paisagens."

"...e pelo passo tardo do profeta..."

"...cadência melancólica das rezas..."

O menino é pai do homem...

Considero Euclides exímio sonetista. Particularmente, gosto de três de seus poemas. O primeiro é um soneto ultra-romântico, datado de 1885, com o título de Rimas. Euclides com certeza também gostava dele, pois reescreveu-o com pequeníssimas alterações em 1890, dedicando-o a Saninha, logo após seu casamento com ela:

"Ontem, quando, soberba, escarnecias

Dessa minha paixão, louca, suprema,

E no teu lábio, essa rosa da algema,

A minha vida, gélida prendias...

Eu meditava em loucas utopias,

Tentava resolver grave problema...

-Como engastar tua alma num poema?

E eu não chorava quando tu te rias...

Hoje, que vives desse amor ansioso

E és minha, só minha, extraordinária sorte,

Hoje eu sou triste, sendo tão ditoso!...

E tremo e choro, pressentindo, forte

Vibrar, dentro em meu peito, fervoroso,

Esse excesso de vida, que é a morte..."

O segundo é também um soneto, Página Vazia, datado de 1897, escrito por Euclides no álbum de recordações de uma senhora, logo após a volta de Canudos, ainda fortemente impressionado com a guerra:

"Quem volta da região assustadora

De onde eu venho, revendo, inda na mente,

Muitas cenas do drama comovente

De guerra despiedada e aterradora,

Certo não pode ter uma sonora

Estrofe ou canto ou ditirambo ardente

Que possa figurar dignamente

Em vosso álbum gentil, minha senhora.

E quando com fidalga gentileza

Cedestes-me esta página, a nobreza

De vossa alma iludiu-vos, não previstes

Que quem mais tarde, nesta folha lesse

Perguntaria: ’Que autor é esse

De uns versos tão mal feitos e tão tristes?’"

O terceiro é a conhecida Dedicatória a Lúcio de Mendonça, de 1903, que acabou motivando esta palestra:

"Em falta de um postkarte, iluminura

Que enquadre do que penso ou sinto a imagem,

Em relevo, na artística moldura

De um trecho fugitivo de paisagem -

Aí vai, para saudá-lo no remanso

De um lar, onde terá digno conchego,

Este caboclo, este jagunço manso

-Misto de celta, de tapuia e grego..."

O caboclo, racialmente falando, é mameluco, mestiço de índia e branco, ou vice-versa, fisicamente caracterizado por pele morena ou acobreada e cabelos negros e lisos. Euclides é caboclo por parte de sua avó paterna, Teresa Maria de Jesus, baiana, descendente de sertanejos: em Os Sertões, ele já defendera a tese de que o sertanejo, não só do Norte, mas de todo o Brasil subtropical, é predominantemente um mameluco.

O jagunço é o sertanejo armado, o seguidor de Antônio Conselheiro, o habitante de Canudos - portanto também mameluco. Não existe aqui apenas uma reiteração: considerando-se um jagunço (paradoxalmente) manso, Euclides demonstra nítida simpatia com "aqueles pobres rebelados" e encontra em si mesmo a junção dos componentes raciais que, "purificados" pelo isolamento, julgava responsáveis pelo cerne da nossa nacionalidade: "É que já se formara no vale médio do grande rio (o São Francisco) uma raça de cruzados idênticos àqueles mamalucos estrênuos que tinham nascido em São Paulo"..., que "ali ficaram, inteiramente divorciados do resto do Brasil e do mundo, murados a leste pela Serra Geral, tolhidos no Ocidente pelos amplos campos gerais, que se desatam para o Piauí e que ainda hoje o sertanejo acredita sem fins" - de modo que "aquela rude sociedade, incompreendida e olvidada, era o cerne vigoroso da nossa nacionalidade."

Se é misto de celta (português) e tapuia, mais uma vez, com outras palavras, Euclides declara-se mameluco. O componente tapuia lhe adveio da avó paterna, já vimos; o "fator aristocrático de nossa gens, o português", lhe adveio do avô paterno, Manuel da Cunha, traficante de escravos. Para que nele se complete "a combinação ternária inevitável" que dá origem ao povo brasileiro falta apenas o negro - mas este está subentendido no celta, uma vez que a gênese do mulato, como o próprio Euclides diz, "teve uma sede fora do nosso país" e "a primeira mestiçagem com o africano operou-se na metrópole". Ergo...

Preferindo celta a branco ou português, Euclides dá um salto qualitativo, passando da raça para a cultura, pois é ele próprio quem diz que o português "nos liga à vibrátil estrutura intelectual do celta" .

Esse salto cultural completa-se no componente grego.

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Por que Euclides é grego?

O drama familiar vincula-o inevitavelmente à tragédia grega:

"Quem definirá um dia essa Maldade obscura e inconsciente das coisas que inspirou aos gregos a concepção indecisa da Fatalidade?" -escreveu ele em 1909 a Vicente de Carvalho.

A tragédia grega, contudo, não conhece misericórdia - e Euclides morreu perdoando.E quero caminhar por outras vias.

Etimologicamente o nome Euclides é grego; vem de EUKLÊIDES, que por sua vez deriva do adjetivo EUKLEÊS, que significa ilustre, glorioso. O Euclides grego foi um matemático famoso do séc. III a. C., autor dos Elementos, que constituem a base da Geometria plana.

Há outros nomes gregos na família de Euclides da Cunha, talvez pela moda positivista do tempo. A mãe de Euclides era Eudóxia, do grego EUDOXÍA, que significa boa reputação, bom senso, e, por uma metonímia às avessas, já no grego era nome próprio. Por outro lado, o masculino Eudóxio é o nome de um astrônomo e matemático grego do séc. IV a. C., de Cnido, a quem se atribui a invenção do quadrante solar horizontal.

O nome de batismo exerce uma espécie de predestinação sobre a pessoa. Sob a égide de seu homônimo da Hélade, Euclides foi um engenheiro ilustre; sob a de sua mãe, namorou seriamente a Astronomia: conforme as recentes pesquisas de José Carlos Barreto de Santana, pelo que se pode depreender das cartas de Euclides a Reinaldo Porchat, de 1892 a 1893, Euclides dava aulas e participava de bancas examinadoras de Astronomia, Física e Química na Escola Militar e no Observatório Astronômico; essas atividades o levavam a freqüentar assiduamente o Observatório Nacional. Sem contar que a IV parte de À margem da História é um belíssimo artigo sobre Astronomia, Estrelas Indecifráveis.

A única irmã de Euclides, dois anos mais nova que ele, também tem nome grego: Adélia. As biografias de Euclides quase nada falam sobre ela, deixam-na na penumbra. Ora, ADELÍA, em grego, é substantivo comum, não passou pelo processo metonímico muito provavelmente por significar obscuridade, incerteza... Seu étimo é o adjetivo ÁDELOS, que significa invisível. Outra vez a predestinação: sendo a segunda filha e irmã de Euclides da Cunha, como não ficar na obscuridade?

Deixemos, porém, esse divagar pouco atraente...

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Vamos para Platão.

Platão foi um importantíssimo e quase divino filósofo grego, muito de minha privança nos idos tempos da USP, discípulo de outro filósofo tão importante quanto exótico, Sócrates, e mestre de outro filósofo celestial, Aristóteles. Viveu de 429 a 347 a. C. e escreveu suas obras em forma de diálogo, nos quais Sócrates é sempre o interlocutor fixo e o vencedor dos debates; o contendor é geralmente um sofista, isto é, um mestre de Retórica que utilizava a arte da argumentação para defender teses especiosas ou logicamente inconsistentes. Platão é o autor dos diálogos Críton, Fédon, Fedro, O Banquete, A República, As Leis, etc. Sua filosofia tem por coroamento a teoria das idéias, segundo a qual a verdade não está nos fenômenos particulares e passageiros, mas nas idéias, tipos puros e abstratos de cada grupo de seres; todas as idéias estão subordinadas à idéia do Bem.

Platão escreveu um diálogo belíssimo sobre a inspiração poética denominado Íon. Neste, diferentemente do que acontece com os outros, o interlocutor de Sócrates, Íon, não é um sofista, mas um rapsodo, isto é, um recitador profissional de poesias épicas. Dialogando com Íon, e referindo-se sobretudo a Homero, Sócrates prova com argumentos convincentes que os poetas criam seus poemas não em virtude de uma arte (EK TÉCHNES), mas porque são inspirados e possuídos por uma divindade (ENTHEÓI ÓNTES KÁI KATECHOMÉNOI); o poeta é alado, leve e santo, incapaz de criar antes de ser inspirado; antes de entrar em transe e antes que seu espírito tenha deixado de lhe pertencer. Assim, os poetas compõem em virtude de um dom divino (THÉIAI MÓIRAI), um poder divino (THÉIAI DUNÁMEI) . O objetivo da divindade, ao tirar a razão dos poetas, é fazê-los seus servidores, para que nós, os ouvintes, saibamos que não são os próprios poetas os autores de obras tão belas - já que estão privados de razão - mas que o autor é a divindade, que se serve do poeta para fazer-se ouvir por nós. Portanto, os belos poemas têm um caráter divino e o poeta é apenas intérprete da divindade, dos deuses.

Platão entende TÉCHNE como habilidade de fazer alguma coisa, e, na arte poética, a habilidade de lidar com as palavras. Mas sobrepõe-lhe o transe poético, a inspiração, entendida como uma possessão divina (ENTHOUSIASMÓS).

Em Euclides da Cunha existe a TÉCHNE, pois ele leu os clássicos em São José do Rio Pardo ( "Valdomiro, o Herculano é pesado...mas tem o peso do ouro maciço"), aprendeu a amá-los e aperfeiçoou-se nos recursos cultos da língua; conhecia os assuntos científicos e filosóficos de que tratava, conforme comprovam seus currículos e notas da Escola Militar, a influência dos professores, de amigos cientistas, e dos pensadores do momento; Euclides fazia parte da comunidade científica de seu tempo. Mas apenas essas habilitações teriam como resultado um ensaio de estilo elegante; não lhe bastariam para escrever Os Sertões, livro grandioso, obra de ENTHOUSIASMÓS, de transe poético, de inspiração divina.

Assim sendo, a ars poetica de Platão não está longe da de Euclides da Cunha.

Em "A vida das Estátuas", artigo de Contrastes e Confrontos, publicado em 1907, Euclides vê o artista como um vulgarizador das conquistas da inteligência e do sentimento:

"Extinguiu-se-lhe com a decadência das crenças religiosas a maior de suas fontes inspiradoras. Aparece num tempo em que as realidades demonstráveis dia a dia se avolumam, à medida em que se desfazem todas as aparências enganadoras, todas as quimeras e miragens das velhas e novas teogonias, de onde a inspiração lhe rompia, libérrima, a se desafogar num majestoso simbolismo. Resta-lhe para não desaparecer uma missão difícil: descobrir, sobre as relações positivas cada vez mais numerosas, outras relações mais altas em que as verdades desvendadas pela análise objetiva se concentrem, subjetivamente, numa impressão dominante. Aos fatos capazes das definições científicas ele tem de superpor a imagem e as sensações, e este impressionismo que não se define, ou que palidamente se define como uma nova relação, passiva, de bem-estar moral, levando-nos a identificar a nossa sinergia própria com a harmonia natural".

É a verdade extensa, de Diderot, ou o véu diáfano da fantasia, de Eça de Queirós, distendido sobre todas as verdades sem as encobrir e sem as deformar....

O que Euclides está defendendo é "o consórcio da ciência e da arte" como "a tendência mais elevada do pensamento humano" - consórcio que se realiza por meio de uma impressão dominante" que empolga o artista.

Nihil novi sub solem: esse consórcio está na natureza, onde tudo é bom (AGATHÓN), isto é, bem feito, operante, "científico" - e belo (KALÓN),isto é, agradável, feito com estética, "artístico"; para não citar muitos exemplos, basta observar que à perfeição anatômica e fisiológica dos vegetais está indissoluvelmente associada a beleza das árvores, que nos empolga e emociona. É preciso ter presente que Euclides se confessava panteísta - e muito provavelmente ele enxergasse a onipresença divina nessa bondade e beleza naturais da criação.

O consórcio ciência - arte aparece ainda em "Impressões Gerais", primeiro artigo de À Margem da História": "...ao defrontarmos o Amazonas real, vemo-lo inferior à imagem subjetiva há longo tempo prefigurada. Além disso, sob o conceito estritamente artístico, isto é, como um trecho da terra desabrochando em imagens capazes de se fundirem harmoniosamente na síntese de uma impressão empolgante, é de todo em todo inferior a um sem número de outros lugares do nosso país."

A impressão dominante ou impressão empolgante de Euclides da Cunha corresponde ao ENTHUSIASMÓS platônico. Assim como para Platão, nos poemas homéricos, o ENTHUSIASMÓS se sobrepõe à TÉCHNE - em Euclides a impressão dominante sobrepõe-se aos dados científicos e, sendo sintetizadora, consorcia indissoluvelmente ciência e arte.

O risco de cair no dualismo conteúdo (ciência) e forma (ornato literário) está descartado pelo termo consórcio, que significa união conjugal, casamento. No casamento não há dualismo, mas fusão: "...um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne."

Para haver fusão, é imprescindível correr riscos, deixar pai e mãe, abdicar da própria individualidade para fundir-se com outra individualidade, dando origem a uma coisa nova (uma só carne). O risco que a união conjugal comporta não se verifica apenas no nível físico e psicológico previsto pelo Gênesis; acontece desde o microscópico nível molecular, quando os gametas, ao unirem-se, têm de colocar em risco a integridade de sua identidade genética, seu DNA, para misturá-lo com o DNA do cônjuge - e dessa mistura resulta uma novidade genética, um novo DNA, que é uma mistura indissociável do DNA masculino com o feminino.

No casamento, a união indissolúvel, psicofísica e molecular, que implica perda parcial de identidade, é desencadeada pela força do amor, que em última análise é uma compulsão divina, "pois é forte, é como a morte! / Cruel como o abismo é a paixão"..."As águas da torrente jamais poderão / apagar o amor, / nem os rios afogá-lo." No texto euclidiano é a impressão dominante que impele ciência e arte a doarem-se mutuamente, a perderem-se uma na outra, a correrem riscos genéticos, a misturarem seus DNAs - para darem origem a uma novidade, a um novo gênero simbiótico.

E mais: assim como na compulsão gamética os opostos se atraem - e quanto mais diferentes forem os cônjuges copulantes, mais perfeito é o resultado da cópula - assim também o consórcio ciência - arte é quase sempre antagônico ou paradoxal e produz frutos opimos. É uma harmonia feita de contrastes.

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Os Sertões consorcia antagônica ou paradoxalmente ciência e arte desde seu plano geral e por isso pertence a esse gênero simbiótico. Ao escrevê-los, Euclides percorre muitas ciências; passa da Geografia para a Geologia, desta para a Botânica, Etnologia, Antropologia, Sociologia, Psicologia, História... para apenas citar as principais. Mas a base científica do livro é sociológica: o isolamento geográfico, habitudinal e psíquico, que tem como "conseqüências mais notáveis...a individualização e o atraso. Assim, todo grupo ou indivíduo ‘desconectado’ de outros indivíduos ou grupo tende a desenvolver-se em pessoas ou comunidades que se desviam das demais" (dado científico, sociológico). O atraso cultural fez dos sertanejos uma ‘raça fraca’, inevitavelmente esmagável por outra forte, uma vez que este esmagamento é a "força motriz da História", no dizer de Gumplowicz (dado científico, sociológico). Mas "aquela campanha lembra um refluxo para o passado. /E foi, na significação integral da palavra, um crime." (impressão empolgante, fazendo o consórcio entre a ciência e a arte, criando um gênero simbiótico). Isto é: por um lado, o desenlace da Campanha de Canudos já estava cientificamente previsto, como conseqüência do isolamento e do atraso cultural - mas essa relação positiva desvendada pela análise objetiva tem de ceder espaço a outra relação mais alta, estabelecida por um ENTHUSIASMÓS, um transe poético, uma impressão empolgante, que transforma o dado objetivo, sem o deformar, numa emoção, eminentemente trágica; por outro lado, a tragédia (o crime) tem de conviver amigavelmente com o determinismo científico e com "palavrões", como Gumplowicz, Hegel, Maudsley, grés, gnaisse, granito, nevrótico, psicótico, étnico... Consórcio de ciência e arte.

E creio que a impressão que empolga e arrebata Euclides em Os Sertões, como na compulsão gamética, não está longe do amor; é o que permite inferir este trecho expressivo de uma carta a Pethion de Villar:

"Em que pese à sua feição combatente (de Os Sertões), tracei-o com uma enorme piedade pelos nossos infelizes patrícios sertanejos. É um livro destinado aos corações. Devem compreendê-lo admiravelmente os poetas e os bons, se não vai nessa conjuntura dispensável redundância." Para os gregos também o que é belo tem de ser bom (KALÓN KÁI AGATHÓN).

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O consórcio harmonioso entre ciência e arte, maximizado no plano geral de Os Sertões, minimiza-se numa primeira escala, à semelhança dos fractais, em textos igualmente antagônicos ou paradoxais; examinaremos alguns.

O primeiro excerto pertence à TERRA. Descrevendo a resistente flora do sertão, que luta e sobrevive à seca, Euclides fala dos cajuís:

"Vêem-se, numerosos, aglomerados em caapões ou salpintando, isolados, as macegas, arbúsculos de pouco mais de metro de alto, de largas folhas espessas e luzidias, exuberando floração ridente em meio da desolação geral. São os cajueiros anões, os típicos anacardia humilia das chapadas áridas, os cajuís dos indígenas. Estes vegetais estranhos, quando ablaqueados em roda, mostram raízes que se entranham a surpreendente profundura. Não há desenraizá-los. O eixo descendente aumenta-lhes maior à medida que se escava. Por fim se nota que ele vai repartindo-se em divisões dicotômicas. Progride pela terra dentro até a um caule único e vigoroso, embaixo.

Não são raízes, são galhos. E os pequeninos arbúsculos, esparsos, ou repontando em tufos, abrangendo às vezes largas áreas, uma árvore única e enorme, inteiramente soterrada.

Espancado pelas canículas, fustigado dos sóis, roído dos enxurros, torturado pelos ventos, o vegetal parece derrear-se aos embates desses elementos antagônicos e abroquelar-se daquele modo, invisível, no solo sobre que alevanta apenas os mais altos renovos da fronde majestosa."

Temos aí uma lição de Botânica trágica. Os dados positivos convivem amistosamente com a Prosopopéia, com a emoção incontida e com muitos recursos estéticos - enquanto estes não mostram animosidade contra a terminologia científica, nem com o anacardia humilia da classificação de Saint-Hilaire.

Ainda na TERRA, topamos com esta animização (dado subjetivo, estético) da linha do Equador (dado positivo), que tem o luxo de terminar num decassílabo heróico!

"Entretanto, por elas (as terras do sertão) passa, interferindo a fronteira ideal dos hemisférios, o equador termal, de traçado perturbadíssimo de inflexões vivas, partindo-se nos pontos singulares em que a vida é impossível; passando dos desertos às florestas, do Saara, que o repuxa para o norte, à Índia opulentíssima, depois de tangenciar a ponta meridional da Arábia paupérrima; varando o Pacífico num longo traço - rarefeito colar de ilhas desertas e escalvadas - e abeirando, depois, em lento descambar para o sul, a Hiléia portentosa do Amazonas."

Passemos ao HOMEM. Neste primeiro excerto, que fala da sociedade mestiça do médio São Francisco, cruzam-se harmoniosamente História, Etnologia, Metáfora e Poesia Épica, de tom homérico:

"Os primeiros sertanistas que a criaram, tendo suplantado em toda a linha o selvagem, depois de o dominarem escravizaram-no e captaram-no, aproveitando-lhe a índole na nova indústria que abraçavam.

Veio subseqüentemente o cruzamento inevitável. E despontou logo uma raça de curibocas puros quase sem mescla de sangue africano, facilmente denunciada, hoje, pelo tipo normal daqueles sertanejos. Nasciam de um amplexo feroz de vitoriosos e vencidos. Criaram-se numa sociedade revolta e aventurosa, sobre a terra farta; e tiveram, ampliando os seus atributos ancestrais, uma rude escola de força e de coragem naqueles gerais amplíssimos, onde ainda hoje ruge impune o jaguar e vagueia a ema velocíssima..."

No final do capítulo IV, depois do combate em Masseté, em que os jagunços puseram em fuga um destacamento policial que viera em seu encalço, o Conselheiro, prevendo novas perseguições, iniciou sua hégira para o sertão. Euclides começa o relato com objetividade, apresentando dados positivos - mas gradativamente vai consorciando-os com a emoção, com o lírico e com o épico, terminando em um decassílabo heróico:

"O desbarato da tropa prenunciava-lhes perseguições mais vigorosas; e, certos do amparo da natureza selvagem, contavam com a vitória enterreirando entre as caatingas os novos contendores. Estes partiram, de fato, sem perda de tempo da Bahia, em número de oitenta praças, de linha. Mas não prosseguiram além de Serrinha, de onde tornaram sem se aventurarem com o sertão. Antônio Conselheiro, porém, não se iludiu com o inexplicável recuo, que o salvara. Arrastou a matula de fiéis, a que se aliavam, dia a dia, dezenas de prosélitos, pelas trilhas sertanejas fora, seguindo prefixado rumo.

Conhecia o sertão. Percorrera-o todo numa romaria ininterrupta de vinte anos. Sabia de paragens ignotas de onde o não arrancariam. Marcara-as, já, talvez prevenindo futuras vicissitudes.

Endireitou, rumo firme, em cheio para o norte.

Os crentes acompanharam-no. Não inquiriram para onde seguiam. E atravessaram serranias íngremes, tabuleiros estéreis e chapadas rasas, longos dias vagarosamente, na marcha cadenciada pelo toar das ladainhas e pelo passo tardo do profeta..."

Vamos agora para a LUTA. As tropas de Artur Oscar estavam encurraladas no Morro da Favela; Euclides descreve o assédio dos jagunços, primeiro com objetividade, depois evolui gradativamente para uma figura de Comparação, ao mesmo tempo que as aliterações começam a pulular:

"Era um sítio em regra - embora disfarçado no rarefeito das linhas inimigas, desatando-se, frouxas mas numerosas, em raios indefinidos pelos recostos do morro. Uma brigada, um batalhão, uma companhia mesmo, poderia vará-la pelos claros que as cindiam ou quebrá-las numa carga de baionetas; mas quando estacasse na marcha, sentir-se-ia novamente circulada, como se brotassem do chão, os antagonistas inexoráveis, jarretando-lhes os movimentos. A tática invariável do jagunço expunha-se temerosa naquele resistir às recuadas, restribando-se em todos os acidentes da terra protetora. Era a luta da sucuri flexuosa com o touro pujante. Laçada a presa, distendia os anéis; permitia-lhe a exaustão do movimento livre e a fadiga da carreira solta; depois se constringia repuxando-o, maneando-o nas roscas contráteis, para relaxá-las de novo, deixando-o mais uma vez se esgotar no escarvar, a marradas, o chão; e novamente o atrair, retrátil, arrastando-o - até ao exaurir completo..."

Outro excerto significativo: a insurreição estava praticamente debelada, mas os sertanejos não perdiam a coragem; Euclides descreve suas últimas investidas contra os soldados comparando-as com um mar revolto, emparelhando e sobrepondo harmoniosamente História, Geografia, Estratégia, Prosopopéia, Epopéia e Tragédia:

"Era como uma vaga revolta, desencadeando-se num tumulto de voragem. Repelida pelas tranqueiras avançadas de leste, refluía numa esteira fulgurante de descargas na direção do Cambaio; arrebentava nas encostas que ali descem, clivosas, para o rio: recebia, em cima e em cheio, a réplica das guarnições que as encimavam, e rolava, envesgando para o norte, acachoando dentro do álveo do Vaza-Barris, até se despedaçar de encontro às paliçadas que naquele sentido o represavam; volvia vertiginosamente ao sul; viam-na ondular, célere e agitante, por dentro do arraial, atravessando-o, e logo depois marulhar, recortada de tiros, na base dos primeiros esporões da Favela; saltava de novo para o leste, torcida, embaralhada, estrepitosa - e batia a esquerda do 5º da Bahia, era repelida; caía adiante sobre a barreira do 26º,era repelida; retraía-se daquele ponto para o centro da praça, inflectindo, serpeante, rápida, e quebrava-se, um minuto depois, sobre a linha negra; passava indistinta, mal vista ao clarão fugaz das fuzilarias, e corria mais uma vez para o norte, chofrando os mesmos pontos, repulsada sempre e atacando sempre, num remoinhar irreprimível e rítmico de ciclone..."

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A fractalização do consórcio ciência e arte impelido pela impressão empolgante minimiza-se, numa segunda escala, em unidades frasais:

"O planalto central do Brasil desce, nos litorais do Sul, em escarpas inteiriças, altas e abruptas." Uma realidade geográfica animiza-se e desce...

"Desenterram-se as montanhas." Existem na realidade montanhas enterradas?

"O ‘Sítio do Caldeirão, três léguas adiante, ergue-se à margem dessa sublevação metamórfica; e alcançando-o, e transpondo-o, entra-se, afinal, em cheio, no sertão adusto...". A Geologia casa-se com a Poesia, pois o segundo membro da frase é uma estrofe de versos ofegantes, como de quem vem de uma travessia penosa.

"Estamos condenados à civilização." Civilização é um termo objetivo, denotativo e positivo; por que um povo estaria condenado à civilização?

"O homem bebe o leite da vida sugando os vasos túmidos das sifônias..." Euclides refere-se ao parasitismo do seringueiro, que retira seu sustento da floresta, sem dar-lhe nenhum retorno. Aqui a junção da imagem literária com o dado objetivo (sifônias) não se pode desentrelaçar.

"É natural que estas camadas profundas da nossa estratificação étnica se sublevassem numa anticlinal extraordinária - Antônio Conselheiro..."Aqui a Etnologia funde-se com a Geologia e ambas formam uma imagem literária, de fundo trágico. Sem preconceitos.

Referindo-se à seita inaugurada pelo Conselheiro e a seus lugares- tenentes, diz Euclides: "A seita esdrúxula - caso de simbiose moral em que o belo ideal cristão surgia monstruoso dentre as aberrações fetichistas - tinha os seus naturais representantes nos Batistas truculentos, capazes de carregar os bacamartes homicidas com as contas dos rosários..." Até "representantes", dados objetivos; daí para a frente, metonímia, paradoxo antítese...

Revoltado contra o extermínio em massa dos sertanejos, acasalando indissoluvelmente conotação e denotação, Euclides desabafa: "Entretanto enviamos -lhes o legislador Comblain; e esse argumento único, incisivo, supremo e moralizador - a bala."

Depois do revés de Uauá, falando sobre as dificuldades da guerra na caatinga, a qual esconde e protege o sertanejo, Euclides comenta, passando da denotação para a conotação: "Carrega-se contra os duendes."

No mesmo contexto, o mesmo acasalamento de denotação e conotação: "A natureza toda protege o sertanejo. Talha-o como Anteu, indomável. É um titã bronzeado fazendo vacilar a marcha dos exércitos." A aproximação do sertanejo com Anteu é muitíssimo pertinente, porque ambos recebem forças da terra.

Na descrição impiedosa de Moreira César, a conotação insere-se na denotação: "De figura diminuta - um tórax desfibrado sobre pernas arcadas em parêntese - era organicamente inapto para a carreira que abraçara."

Aqui um triste resumo do que restara da expedição Moreira César, feito com dados objetivos, mas em enumeração caótica: "A expedição agora era aquilo: um bolo de homens, animais, fardas e espingardas, entupindo uma dobra da montanha..."

Aqui, falando da ação do Marechal Bittencourt, uma antítese irônica entremeando a narrativa: "O marechal Bittencourt, indiferente a tudo isto - impassível dentro da impaciência geral - organizava comboios e comprava muares..." Um pouco depois, novo acasalamento indissociável de denotação e conotação: "O mais caluniado dos animais (o burro) ia assentar, dominadoramente, as patas entaloadas em cima de uma crise, e esmagá-la..."

Nesta frase, é o inusitado que vem desnortear a objetividade do relato: "Diante dos expedicionários se levantou de novo, como perigo único, a fome."

E um último exemplo de convivência harmônica da Metáfora com a Ciência, num contexto trágico (há muitos outros): "É que ainda não existe um Maudsley para as loucuras e os crimes das nacionalidades..."

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O grau zero da fractalização do consórcio ciência - arte são sintagmas nominais híbridos, de dados objetivos e impressões subjetivas, nos quais se tornam mais evidentes as uniões antagônicas ou paradoxais, de belíssimo efeito:

"Pletora do olhar" - Euclides refere-se à hemeralopia dos sertanejos, motivada pela exposição da vista à claridade muito forte. Pletora é um termo da Medicina e significa aumento de volume de sangue no organismo, que provoca inturgescência (inchação) vascular; em sentido figurado pode significar mal estar resultante de excesso de trabalho, de atividade. O olhar está ligado à emoção.

"Gnóstico bronco" - Euclides compara o Conselheiro a um seguidor do Gnosticismo, movimento religioso, de caráter sincrético e esotérico, desenvolvido nos primeiros séculos de nossa era, à margem do Cristianismo institucionalizado, combinando misticismo e especulação filosófica.O qualificativo bronco é paradoxal.

"Hégira para o sertão" - Euclides refere-se à ida dos conselheiristas de Bom Conselho para Canudos, depois de um "auto-de-fé" em praça pública; transforma em metonímia a fuga real de Maomé de Meca para Medina, em 622 da era cristã.

"Tróia de taipa" - um dos epítetos de Canudos. Tróia na realidade era uma cidade da Ásia Menor, célebre pelo cerco que sustentou dez anos contra os gregos, o qual foi imortalizado por Homero. Aqui vira metonímia e recebe o qualificativo paradoxal de taipa.

"Tebaida turbulenta" - impressão de Frei João Evangelista de Monte Marciano ao adentrar Canudos para pregar uma missão. Tebaida é uma das três divisões do Egito Antigo, também chamada Alto Egito, cuja capital era Tebas; os primeiros cristãos retiraram-se para os desertos que se encontram a Oeste desta região. Paradoxalmente a Tebaida dos fiéis jagunços era turbulenta...

"Montanha em ruínas" - aspecto da serra do Cambaio, que associa dado real com impressão subjetiva."

"Cidadela mundéu" - referência a Canudos; cidadela pertence à linguagem castrense e significa fortaleza situada em lugar estratégico, que domina e protege uma cidade; mundéu significa armadilha de caça. Paradoxalmente uma proteção transforma-se em armadilha.

"Koblenz de pardieiros" - referência a Canudos. Koblentz era antiga fortaleza e capital da Prússia Renana, na confluência do Reno com o Mosela." Como uma fortaleza pode ser constituída de pardieiros?

"A expedição...corretíssima e fragílima" - referência à organização da expedição Artur Oscar, que, como as precedentes, não se adaptou à guerra atípica na caatinga. Dado real, avaliação impressionista.

"Montanha que desmorona" - imagem impressionista do Morro da Favela, realidade geográfica.

"...naquele resistir às recuadas" - percepção sui generis da tática bélica dos jagunços.

" Ficção geográfica" - referência ao desconhecimento do sertão pelos soldados que combateram em Canudos. A ciência (Geografia) transforma-se em ficção...

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Tratemos de fechar essas linhas esparsas. Voltemos a Platão e a seu Íon.

Sócrates diz a Íon que a profissão de rapsodo exige profundo conhecimento do poeta que se recita, não só dos versos, mas também do pensamento, uma vez que o rapsodo é o intérprete do pensamento do poeta para os ouvintes, e não poderia ser bem sucedido nessa tarefa sem compreender em profundidade o sentido do que diz o poeta.

Contudo, não lhe bastam a arte e o conhecimento (TÉCHNE KÁI EPISTÉME); é preciso que ele seja possuído pelo mesmo entusiasmo divino (ENTOUSIASMÓS) que arrebata o poeta, para que consiga criar nos ouvintes as mesmas emoções que sentiu ao ler o poeta. Diz-lhe Sócrates:

"Existe em ti uma faculdade de falar bem de Homero, que não é uma arte, no sentido que eu dizia há pouco, mas um poder divino que te move e que se parece ao da pedra chamada por Eurípides de Pedra Magnética e por outros pedra de Heráclito. Esta pedra não só atrai os anéis de ferro, mas também lhes comunica sua força - pois eles passam a ter o mesmo poder que a pedra, isto é, atraem outros anéis; de modo que os anéis de ferro ficam presos uns aos outros em longa corrente, mas a força de todos depende da pedra. Assim a Musa cria (poetas) inspirados e, por meio desses inspirados, uma multidão de entusiastas ligam-se a ela."

Diz Íon:

"Quando eu declamo uma passagem que excita a piedade, meus olhos se enchem de lágrimas; quando se trata de uma passagem apavorante ou terrível, o pavor me eriça os cabelos da cabeça e meu coração palpita."

Explica-lhe Sócrates:

"Tu sabes que crias as mesmas emoções na maioria dos espectadores?"..."Sabes que o espectador é o último dos anéis que, como eu dizia, recebem sua força uns dos outros graças à pedra de Heráclito? O anel do meio és tu, o rapsodo, e o primeiro anel é o próprio poeta."..."Pois então, Íon, nós te atribuímos este belíssimo título de panegirista de Homero, não em virtude de uma profissão, mas por uma inspiração divina."

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Eu venho sendo, há trinta anos, um rapsodo de Euclides, sobretudo de Os Sertões. Já o li e reli muitíssimas vezes, por isso penso que o conheço com suficiência para falar dele. Contudo não poderia fazê-lo com propriedade, se esse livro não me encantasse, possuísse, entusiasmasse.

Euclides me magnetiza, como a pedra de Heráclito. O arrojo de sua linguagem me arrebata, suas animizações trazem a terra brasileira para dentro de mim, os sofrimentos dos sertanejos me comovem, os lances heróicos me empolgam, os irônicos me fazem rir, o genocídio me faz chorar e me impele à denúncia.

Espero ter sido o elo intermediário de uma cadeia magnética entre Euclides e vocês. Que essas palavras que vocês tiveram a bondade e a paciência de ouvir lhes tenham transmitido o mesmo magnetismo de Euclides experimentado por mim, cada vez que leio seu livro grandioso.

Muito obrigada.

 

Caconde, agosto de 2004.

 

 

BIBLIOGRAFIA

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ALVES, Rubem. Interpretar é compreender, Folha de São Paulo, caderno "Sinapse", 22 de abril de 2004.

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DUFOUR et Alii. Vocabulário de Teologia Bíblica. Trad. de Fr. Simão Voigt, Petrópolis, Vozes, 1972.

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SANTANA, José Carlos Barreto de. CIÊNCIA & ARTE: Euclides da Cunha e as Ciências Naturais. São Paulo, Editora Hucitec, 2001.

 
Célia Mariana Franchi Fernandes da Silva
 
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