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Euclides e o berço de Os Sertões
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Egolatria e mediocridade
2006-07-19 17:06:37

 

“A nenhum deles lhes lembrou uma coisa que noutros países se chama opinião pública – porque lhes falta metafísica para

idealizarem entre nós, criação tão transcendental ou fantástica.”

 

(E. Cunha, 13/3/1908. Carta a O. Lima)

 

Infelizmente algumas pessoas possuem um “ego” tão exacerbado que não enxergam além do próprio umbigo, nem são capazes de considerar a existência dessa “opinião pública” de que fala Euclides. Pensam, apenas, em si mesmas, em seu futuro, em suas oportunidades e vêem, em tudo, uma espécie de trampolim para alcançarem novos objetivos. Abusam do poder da imagem e da palavra, projetando a visão enganosa que constroem de si mesmos. Mas as atitudes medíocres acabam, sempre, denunciando a farsa.

Parece haver sido mais ou menos isso o que ocorreu com a seleção brasileira, ao enfrentar a França. Acreditaram em uma imagem de invencibilidade que não tentaram sequer sustentar. Concordo com Jabor, que afirma haver a nossa derrota começado muito antes, “porque esta seleção não foi a pátria de chuteiras; foram as chuteiras sem pátria”. Faz sentido: se os jogadores residem há muito no exterior e do Brasil guardam apenas a vaga lembrança de uma infância pobre e sofrida, neles está ausente “a fome nacional, a ânsia dos vira-latas querendo a salvação.” Desconhecem, portanto, a vontade deste povo de esquecer escândalos, “mensalões” e eleições mentirosas, com candidatos mais medíocres ainda do que esses jogadores... Não sabem a dimensão do desejo de mostrar ao mundo que o brasileiro é, sim, maravilhoso...

Um técnico arrogante, que em épocas anteriores já mostrou não aceitar opiniões contrárias às dele - sinal de tremenda fraqueza de espírito -;  um Ronaldo que me parecia brincar de “estátua”, um Roberto Carlos preocupado com a meia e a chuteira da Nike, e um Cafu que já foi grande, mas não reconheceu o momento certo de parar!

Pois se a seleção brasileira não mereceu nem o que gastamos, como torcedores, em adereços verde-amarelos, ou o tempo de trabalho interrompido no Brasil para assistir aos jogos, deixo aqui meu tributo à seleção francesa, composta por filhos de uma terra  e de uma cultura que sempre admirei. Lembro, nesta simples homenagem, a pessoa de Jacques Andrés Dalliès, ex-gerente da Nestlé, com quem trabalhei alguns anos e que até hoje é um grande amigo, embora à distância, e ainda os franceses que eventualmente estiverem por aqui.

 

LA MARSEILLEUSE

 

Originalmente a Marseilleuse (em português, Marselhesa) foi um canto bélico revolucionário e um hino à liberdade. Em 1792, após a declaração de guerra do Rei da Áustria, um oficial francês do destacamento de Estrasburgo, Rouget de Lisle, compôs, na noite de 25 para 26 de abril, com o prefeito da cidade, Dietrich, o “Canto de guerra para o exército do Reno”, repetido pelos federados de Marselha, que participavam da insurreição das Tulherias, em 10 de agosto de 1792.

O sucesso foi tamanho que, em 14 de julho de 1795, foi declarada canção nacional. Durante o Império e a Restauração ela foi censurada, mas voltou com a Revolução de 1830, e Berlioz criou uma orquestração dedicada a Rouget de Lisle. Com a 3ª República, em 1879, transformaram-na em hino nacional francês e uma versão oficial foi entoada em 1887. Transcrevo abaixo a letra em francês, que é belíssima, e a tradução em português. É, realmente, um hino de um povo que não se entrega.

 

HINO NACIONAL FRANCÊS

Letra e Música de: Claude-Joseph Rouget de Lisle (1760-1836)

(La Marseilleuse)

 

I

Allons enfants de la Patrie,

Le jour de gloire est arrivé.

Contre nous de la tyranie,

L’étendard sanglant est levé (bis)

Entendez vous dans les campagnes

mugir ces féroces soldats

Ils viennent jusque dans vos bras,

égorger vos fils, vos compagnes

Aux armes, citoyens!

Formez vos bataillons!

Marchons, marchons,

qu’un sang impur abreuve nos sillons.

 

Avante, filhos da Pátria,

O dia da Glória chegou.

O estandarte ensangüentado da tirania

Contra nós se levanta.

Ouvi nos campos rugirem

Esses ferozes soldados?

Vêm eles até nós

Degolar nossos filhos, nossas mulheres.

Às armas,  cidadãos!

Formai vossos batalhões!

Marchemos, marchemos!

Nossa terra do sangue impuro se saciará!

 

II

Que veut cette horde d’esclaves

De traîtres, de Roi conjurés?

Pour qui ces ignobles entraves,

Ces fers dès longtemps préparés? (bis)

Français! pour nous, ah! quel outrage!

Quels transports il doit exciter!

C’est nous qu’on ose méditer

De rendre à l’antique esclavage!

 

O que deseja essa horda de escravos

de traidores, de reis conjurados?

Para quem (são) esses ignóbeis entraves

Esses grilhões há muito tempo preparados? (bis)

Franceses! Para vocês, ah! que ultraje!

Que élan deve ela suscitar!

Ousam acreditar que somos nós

A nos render à antiga escravidão!!

 

III

Quoi! des cohortes étrangères

Feraient la loi dans nos foyers!

Quoi! ces phalanges mercenaires

Terrasseraient nos fiers guerriers! (bis)

Grans Dieu! par des mains enchaînées

Nos fronts sous le joug se ploieraient

De vils despotes deviendraient

Les maîtres de nos destinées!

 

Que! essas multidões estrangeiras

Fariam a lei em nossos lares!

Que! as falanges mercenárias

Arrasariam nossos fiéis guerreiros (bis)

Grande Deus!

por mãos acorrentadas

Nossas frontes sob o jugo se curvariam

E déspotas vis tornar-se-iam

Mestres de nossos destinos!

 

IV

Tremblez, tyrans! et vous, perfides,

L’opprobe de tous les partis,

Tremblez! vos projets parricides

Vont enfin recevoir leur prix (bis)

Tout est soldat pour vous combattre,

S’ils tombent, nos jeunes héros,

La terre en produit de nouveaux

Contre vous tout prêts à se battre

 

Estremecei, tiranos! e vós, pérfidos,

Injúria de todos os partidos,

Tremei! seus projetos parricidas

Vão enfim receber seu preço! (bis)

Somos todos soldados para combatê-los,

Se nossos jovens heróis caem,

A França outros produz

Contra vós, totalmente prontos para combater-vos!

 

V

Français! en guerriers magnanimes

Portez ou retenez vos coups.

Epargnez ces tristes victimes

A regret s’armant contre nous. (bis)

Mais le despote sanguinaire,

Mais les complices de Bouillé,

Tous ces tigres qui sans pitié

Déchirent le sein de leurs mères.

 

Franceses, em guerreiros

magnânimos,

Levai ou carregai ou suspendei vossos tiros!

Poupai essas tristes vítimas,

que contra vós se armam a contragosto. (bis)

Mas esses déspotas sanguinários

Mas esses cúmplices de Bouillé,

Todos esses tigres que, sem piedade,

Rasgam o seio de suas mães!...

 

VI

Nous entrerons dans la carrière,

Quand nos aînés n’y seront plus

Nous y trouverons leur poussière

Et les traces de leurs vertus. (bis)

Bien moins jaloux de leur survivre

Que de partager leur cercueil,

Nous aurons le sublime orgueil

De les venger ou de les suivre.

 

Entraremos na batalha

Quando nossos antecessores não mais lá estiverem.

Lá encontraremos suas marcas

E o traço de suas virtudes. (bis)

Bem menos invejosos de suas sepulturas

Teremos o sublime orgulho

De vingá-los ou de segui-los.

 

VII

Amour Sacré de la Patrie

Conduis, soutiens nos bras vengeurs!

Liberté, Liberté chérie!

Combats avec tes défenseurs! (bis)

Sous nos drapeaux, que la victoire

Accoure à tes mâles accents!

Que tes ennemis expirant

Voient ton triomphe et notre gloire!

 

Amor Sagrado pela Pátria

Conduze, sustenta nossos braços vingativos.

Liberdade, querida liberdade

Combate com teus defensores!

Sob nossas bandeiras, que a vitória

Chegue logo às tuas vozes viris!

Que teus inimigos agonizantes

Vejam teu triunfo e nossa glória!

 
Maria Olívia Garcia Ribeiro Arruda
 
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