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Euclides e o berço de Os Sertões
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Essa ponte
2007-05-23 10:47:54

 

Essa ponte
22/5/2007 15:19:06

De uma margem à outra, há sempre espíritos que se ligam, pela ponte. E se não fosse a ponte? E se Euclides não tivesse vindo nem aqui escrito parte de seu livro-vingador?

De um lado ao outro, existem elos que o tempo foi soldando. Todos trazidos pela ponte. E por Euclides. Quantas pessoas nos tornaram tão caras e tão nossas, aqui atraídas pelo engenheiro-escritor?

Mãos que se estendem, mentes que procuram, desejo mútuo de justiça, de liberdade, de um país melhor. Todos alicerçados nas fortes frases euclidianas.

Mais um ano se passa e ela aí, firme. Sólida e resistente apesar dos abusos que ali ocorrem diariamente. Caminhões que insistem em passar, cargas muito além do limite... Tudo bem, o motorista não conhece Euclides, não sabe do valor histórico nem da importância de um monumento desses para a cidade. Ignorância não pode alegar! Tantos desfiles, tantas faixas explicativas, todos os anos, não permitem que ninguém alegue ignorância! Falta mesmo a educação, como falta naquele que não pára quando o outro já havia sido o primeiro a chegar à ponte e tem prioridade na travessia, como falta naquele que buzina de madrugada, naquele que passa ao lado das escolas com um som altíssimo e de muito mau gosto (Quem não sabe SER, tem que exibir o TER...), ou aquele que se julga com o direito de acordar quem trabalha e está descansando, e não o DEVER de respeitar as leis, inclusive quando exigem silêncio!

Ah! Brasil... terra de desmandos, de desordem, onde as autoridades só têm cargo e nome... mas não o respeito do povo!

Mas se não fosse a ponte... Como ela existe, posso dizer: estende-me tua mão sobre oceanos e terras que eu quero apertá-la, irmão! Venha conosco formar o elo da amizade e da paz, a luta pela justiça , como ensinou Euclides!

E o mais importante é que as pessoas vêm! Começaram em 1918, e não pararam mais. Que os arcos desta ponte, lançados por um homem justo e genial, possam abarcar o mundo!

Ela nos trouxe médicos, advogados, professores e pesquisadores. Trouxe artistas, bailarinos , tanta gente...

Muitas pessoas que assiduamente vinham aqui, infelizmente, hoje só as vemos saudade. Encontraram a terceira margem do rio e não voltaram mais: Dr. Galotti, Hersílio Ângelo, Benedito de Andrade, Ivo Vanucchi, Odilon Machado, o professor Dálvaro, de Jaú, o professor Moisés Gicovate, o querido professor Vinicius, Adelino Brandão, Roberto Ventura... enfim, foram tantos que não é possível citar todos aqui, minha memória me trairia.

Outros foram atraídos muitas vezes para cá, mas depois, não sei por que motivo, a ponte não chegou mais até eles, como o professor Célio Pinheiro, de Araçatuba, de quem muitas pessoas ainda devem se lembrar!

E as pessoas que essa ponte ligou aqui mesmo, na cidade? Não foram somente da zona rural, do bairro Santo Antônio ou do Vale do Redentor... Foram aquelas do centro mesmo, separadas por gerações ou por outro motivo qualquer... Estas, todos conhecem, também são muitas, mas há aquele grupo que ainda contém “os heróis da resistência”: os professores Márcio, Rodolpho, Cármen Trovatto, Lando Lofrano, Cidinha Granado, Marco De Martini e Paulo Herculano, desta cidade, além dos que consideramos rio-pardenses de coração, como o queridíssimo professor Nicola Costa e o também sempre meio “paizão” dos alunos, Stênio Steter, ambos de São Paulo, a querida Rachel Bueno, de Campinas (que eu conheci ainda maratonista...) e Everton de Paula, da UNIFRAN. Quando tudo parece desmoronar, a ponte não os deixa esquecer do compromisso...

Nossa ponte trouxe vizinhos próximos e valiosos, que também pertencem ao “grupo de resistência”: vindos de Caconde, a professora Célia (O que seria dos maratonistas sem a explicação dela sobre as partes de “Os Sertões”?) e seu esposo, professor Manoel.

E o que seria a Semana sem as apresentações do professor Lázaro, acompanhando seus alunos? É a ponte unindo estudantes e professores, anualmente, trazendo milhares de maratonistas de todo o Brasil.

Estendendo-se na linha do horizonte, cruzando destinos e criando projetos, levando carinho e trazendo afeto, a ponte, imponente, silenciosa, emana permanentemente energia nova... E vai ligando, unindo, atando vidas, profissões, sonhos e ilusões...

Na década de 80, a ponte trouxe acadêmicos que continuaram a se deixar envolver por ela e pela obra euclidiana. Peço perdão antecipadamente para aqueles que não forem mencionados aqui, são muitos e minha memória não é tanta: Walnice Nogueira Galvão, Valentim Faccioli, Antenor Gonçalves Filho e Nicolau Sevcenko, da USP; Francisco Foot Hardman e Miriam Gárate, da UNICAMP, Leopoldo Bernucci, até há pouco tempo na Universidade de Austin, no Texas, agora na Califórnia; Bertold Zilly, da Alemanha, Marco Villa, Fadel David Antônio Filho, Adonira Batista Pereira e Ieda Ramon, da UNESP; Juan Carlos de Andrade (mais conhecido pelo Euclidesite, de enorme importância para a divulgação dos estudos euclidianos), as professoras Regina Abreu e Anabelle Considero, ambas do Rio de Janeiro, Pedro Lima, da PUC-SP, Gínia Maria Gomes, da UFRS, José Carlos Barreto de Santana, da UFBA.

E a ponte nos trouxe também o contato com a família de Euclides, que gostaríamos de representar aqui através do grande amigo Joel Bicalho Tostes, incansável pesquisador e incentivador de todos os euclidianos. A ele, minha saudação especial, pois sempre me envia materiais importantes sobre o assunto.

A ponte nos trouxe Euclides da Cunha e Quidinho, que estão bem próximos a ela. A ponte nos trouxe cultura. De arcos abertos como os braços do Cristo que está um pouco acima dela, a ponte feita por Euclides, para nós, rio-pardenses, é um texto de escritura eterna... É um sinal de liberdade: todos têm o direito de ir e vir como quiserem.

E a ponte, de arcos abertos, resiste soberana às tempestades, às loucuras de algumas pessoas, apesar do tempo e dos desgastes que sofre.

Parabéns, Euclides, por sua engenharia firme e segura! Que a tua ponte permaneça sempre assim, de braços abertos para a cidade, para os nativos e os visitantes, que ela seja um símbolo de energia e de esperança, dais quais todos possam desfrutar!

Ponte, abra as asas sobre nós e livre-nos de ser um povo ignorante e passivo, mas crie em nós a capacidade de lutar e de proclamar a justiça, para seguir o exemplo do grande escritor que a construiu!

 

 
Maria Olivia G. R. Arruda
 
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