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Euclides e o berço de Os Sertões
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Grandes euclidianos
2009-09-04 11:41:16

 

 

08/09

Mácio José Lauria

Francisco Marins telefona-me de sua distante Botucatu e me dá notícias de suas atividades euclidianas, apesar do avançado da idade, que para espíritos menos afeitos ao trabalho já seria justificado pretexto para o ócio.


Marins não. Dedica-se com regularidade a suas tarefas na empresa de material ferroviário e não se descuida de atividades próprias de escritor, de membro da Academia Paulista de Letras.
Como euclidiano de primeira linha, é encarregado pela Academia de selecionar material  para  um  número da Revista comemorativo do centenário da morte de Euclides da Cunha. E quer que eu escreva sobre alguns dos grandes euclidianos, já mortos,  de algum modo ligados a São José do Rio Pardo.


Vê-se logo  a complexidade de minha tarefa, exatamente pela  boa quantidade de nomes capazes de merecer figurar numa galeria  ilustre. E assim, com o inevitável risco de cometer injustiça por omissão, escolho cinco personalidades que à sua maneira deram contribuição peculiar ao permanente esforço de se difundir o estudo das obras   de um escritor atualíssimo, bem mais atual do que até se desejaria, porque muitos dos grandes problemas suscitados por Euclides continuam à espera de  grandes soluções.

Sem me esquecer daqueles  pioneiros que impediram o desaparecimento dos traços materiais da passagem de Euclides por São José do Rio Pardo, lembro figuras importantes, como a de Francisco Escobar – o amigo da vida inteira; Jovino de Sylos, o herdeiro da mesa sem gavetas; João Modesto de Castro, o salvador de tanto documento e da cabana histórica; José Honório de Sylos, o memorialista cuidadoso.


Tomando, porém,  como referencial a história das comemorações euclidianas de São José do Rio Pardo, será inevitável abrir esta galeria com aquele que as sistematizou, tornou-as de âmbito nacional e lhes deu o tríplice objetivo cultural, social e de congraçamento através do esporte: 

OSWALDO GALOTTI.
O médico natural de Espírito Santo do Pinhal, recém-formado no Rio de Janeiro, chega a nossa cidade em meados dos anos trinta e  desde logo percebe o potencial  encoberto nas comemorações iniciadas em 1912, com uma romaria de amigos à cabana de sarrafos e zinco, nas proximidades da ponte metálica reconstruída em 1902 pelo malogrado engenheiro-escritor, morto a 15 de agosto de 1909 . Estava ali o germe da Semana Euclidiana imaginada e instaurada por Galotti, tendo como culminância  a data de triste memória, já declarada Dia de Euclides por lei municipal de 1925.

Durante décadas a figura de Oswaldo Galotti  encarnou a própria Semana Euclidiana, por ele transformada em inimitável evento sociocultural capaz de atrair  grandes nomes da intelectualidade não só brasileira, mas internacional, e de formar uma classe peculiar de estudiosos, hoje contados aos milhares – os euclidianos.

Concomitantemente ao surgimento da Semana Euclidiana, nasce também a Maratona Intelectual Euclidiana, de início apenas uma competição entre alunos das séries  finais  do Ginásio Estadual Euclides da Cunha, através dos tempos  transformada no Ciclo de Estudos Euclidianos, que hoje recebe estudantes do ensino fundamental, médio e superior  de todo o Brasil, em suas diferentes Áreas.


Criador da Maratona –  HERSÍLIO ÂNGELO, nascido em Orlândia, licenciado em Letras na segunda turma de formandos da USP (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras) e professor de Português por muitos anos no  Instituto de Educação Euclides da Cunha. Participar da Maratona sempre foi    disputada honraria entre os melhores alunos das escolas paulistas. Vencer a Maratona é conquista que figura nos currículos de algumas dezenas de figuras destacadas no magistério, na magistratura, no jornalismo.

Deve-se a Hersílio Ângelo, em parceria com Alfredo Bosi, uma exemplar edição didática de Os Sertões, da Cultrix/MEC.

O terceiro nome desta galeria de euclidianos ilustres ligados a São José do Rio Pardo é o de MOISÉS GICOVATE, consagrado autor de livros de Geografia e de Euclides da Cunha – Uma Vida Gloriosa, merecedor de diversas edições pela Melhoramentos, e mais recentemente pela Editora MG.


 Se Francisco Marins, através de seu notável Aldeia Sagrada, é o iniciador de jovens leitores na compreensão do drama de Canudos denunciado por Euclides, o pequeno livro de Moisés Gicovate  introduz os principiantes na correta apreciação de uma vida atribulada e dramática, muitas vezes recontada por outrem de forma parcialíssima e injusta.


A ligação de Gicovate com São José do Rio Pardo se deu quando ele já havia atingido plenamente a maturidade e, como ele próprio fez questão de ressaltar no discurso  de posse no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, valeu-lhe como uma espécie de rejuvenescimento, porque ele sentiu-se revalorizado e reconhecido por seus colegas de Ciclo de Estudos  e por estudantes de todas as partes do Brasil que, aqui nesta cidade, tinham-no como mestre paciencioso e seguro orientador nos estudos euclidianos.

Exemplo maior de persistência e dedicação à causa euclidiana é ADELINO BRANDÃO, paraense de nascimento, mas professor de Sociologia e jornalista radicado em cidades paulistas, principalmente em Jundiaí, cidade que adotou como sua e onde faleceu.
As ligações de Adelino Brandão com o euclidianismo rio-pardense perduraram por meio século, desde quando ele venceu  a  Maratona de longínquo ano.


O mais prolífico dos escritores euclidianos, com várias centenas de estudos publicados, Brandão é autor  de Euclides da Cunha – Bibliografia Comentada, fruto de minuciosa pesquisa que reúne mais de dez mil verbetes referentes à obra de Euclides e a centenas de autores que a estudaram no mundo todo.

Representando  aqueles estudiosos de Euclides, que deram o melhor de si no Ciclo de Estudos Euclidianos por anos a fio, escolho o nome, por todos os títulos respeitável, de IVO VANNUCCHI, de São Joaquim da Barra. Ao erudito e afável professor de Português, participante de tantas Semanas Euclidianas, enquanto teve saúde e vida, nossa sincera homenagem. Ivo responde, nesta página de lembrança, por Benedicto de Andrade, Dante Pianta, Paulo Dantas, Dermal Monfré, Dálvaro da Silva, Manoel Roberto Fernandes da Silva, e outros tantos mestres que ajudaram a manter, em São José do Rio Pardo, a glória de Euclides e a permanência de sua patriótica mensagem.

 
Mácio José Lauria
 
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