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Euclides e o berço de Os Sertões
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Aspectos de Comunicação no Texto Euclidiano
2001-07-25 00:00:00

 

                                   

A escrita é uma arte que desenvolve-se com a leitura e com as experiência novas adquiridas ao longo dos anos, por isso devemos observar cuidadosamente todas as situações que nos envolvem,  assimilando  fatos, cenas, assuntos, objetos para podermos passar através da palavra escrita ou falada àqueles que nos rodeiam quer seja na escola como nas situações diárias.

Comunicar-se bem significa dar sentido àquilo que se pensa, podendo o indivíduo tornar-se um artista através da palavra, da música, da dança, do cinema, da pintura, da escultura  ou outro tipo de arte.

Ao tomarmos contato com uma obra de arte ( literatura, pintura, música, escultura, etc), devemos nos emocionar, achando-a bonita ou feia, gostando ou rejeitando-a. Ex. Pintura renascentista: " Monalisa" - Leonardo Da Vincci.  Música barroca: John Sebastian Bach etc.

Hoje, século XXI, Semana Euclidiana 2001, tomamos contato com a obra do escritor Euclides da Cunha * 1866  + 1909, parece tão distante de nós, mas sua obra é imortal porque nos traz à mente problemas relacionados com a antropologia, a sociologia, a etnologia, o folclore e a psicologia social; temas tão profundamente abordados em sua obra OS SERTÕES que, seguramente, fazem dela uma obra de arte perene, isto é, IMORTAL  e profunda para a reflexão nos dias atuais. Se soubermos lê-la com profundidade e buscarmos nela um significado para a atualidade, certamente, será uma obra de arte eterna como tantas outras.

Observe e faça uma reflexão sobre os textos abaixo extraídos da obra OS SERTÕES - de Euclides da Cunha - Ediouro. págs. 27 e 28

                                    A  TORMENTA

" Mas no empardecer de uma tarde qualquer, de março, rápidas tardes sem crepúsculos, prestes afogadas na noite, as estrelas pela primeira vez cintilam vivamente.

Nuvens volumosas abarreiam ao longe os horizontes, recortando-os em relevos imponentes de montanhas negras.

Sobem vagarosamente; incham, bolhando em lentos e desmesurados rebojos, na altura; enquanto os ventos tumultuam nos plainos, sacudindo e retorcendo as galhadas.

Embruscado em minutos, o firmamento golpeia-se de relâmpagos precípites, sucessivos, sarjando fundamente a imprimadura negra da tormenta. Reboam ruidosamente as trovoadas fortes. As bátegas de chuva tombam grossas, espaçadamente, sobre o chão, adunando-se logo em aguaceiro diluviano.

                                    RESSURREIÇÃO DA FLORA

E ao tomar da travessia o viajante, pasmo, não vê mais o deserto.

Sobre o solo, que as amarílis atapetam, ressurge triunfalmente a flora tropical.

É uma mutação de apoteose.

Os mulungus rotundos, à borda das cacimbas cheias, estadeiam a púrpura das largas flores vermelhas, sem esperar pelas folhas; as caraíbas e baraúnas altas refrondescem à margem dos ribeirões refertos; ramalham, ressoantes, os marizeiros esgalhados, à passagem das virações suaves; assomam, vivazes, amortecendo as truncaduras das quebradas, as quixabeiras de folhas pequeninas e frutos que lembram contas de ônix; mais virentes, adensam-se os icozeiros pelas várzeas, sob o ondular festivo das copas dos ouricuris: ondeiam, móveis, avivando a paisagem, acamando-se nos plainos, arredondando as encostas, as moitas floridas do alecrim dos tabuleiros, de caules finos  e flexíveis; as umburanas perfumam os ares, filtrando-os nas frondes enfolhadas, e - dominando a revivescência geral - não já pela altura senão pelo gracioso porte, os umbuzeiros alevantam dois metros sobre o chão, irradiantes em círculo, os galhos numerosos.

                                    O SERTÃO É UM PARAÍSO

E o sertão é um paraíso...

Ressurge ao mesmo tempo a fauna resistente das caatingas; disparam pelas baixadas úmidas os caititus esquivos; passam, em varas, pelas tigueras, num estrídulo estrepitar de maxilas percutindo, os queixadas de canela ruiva; correm pelos tabuleiros altos em bandos, esporeando-se com os ferrões de sob as asas, as emas velocíssimas; e as siriemas de vozes lamentosas, e as sericóias vibrantes, cantam nos balsedos, à fímbria dos banhados onde vem beber o tapir estacando um momento no seu trote bruta, inflexivelmente retilíneo, pela caatinga, derribando árvores, e as próprias sucuaranas, aterrando os mocós espertos que se aninham aos pares, nas luras dos fraguedos, pulam, alegres, nas macegas altas, antes de quedarem nas tocaias traiçoeiras aos veados ariscos ou novilhos desgarrados....

                                    MANHÃS SERTANEJAS

Sucedem-se manhãs sem par, em que o irradiar do levante incendido retinge a púrpura das eritrinas e destaca melhor, engrinaldando as umburanas de casca arroxeada, os festões multicolores das begnônias. Animam-se os ares numa palpitação de asas, céleres, ruflando. - Sulcam-nos as notas de clarins estranhos. Num tumultuar de desencontrados vôos passam, em bandos, as pombas bravas que remigram, e rolam as turbas turbulentas das maritacas estridentes... enquanto feliz, deslembrado de mágoas, segue o campeiro pelos arrastadores, tangendo a boiada farta, e entoando a cantiga predileta...

Assim se vão os dias.

Passam-se um, dois, seis meses venturosos, derivados da exuberância da terra, até que surdamente, imperceptivelmente, num ritmo maldito, se despeguem, a pouco e pouco, e caiam, as folhas e as flores, e a seca se desenhe outra vez nas ramagens mortas das árvores decíduas..."

EXERCÍCIO DE CRIATIVIDADE:

Após a leitura destes textos, escolha aquele que mais mexeu com seus sentimentos e reproduza-o numa obra de arte à sua escolha; pode ser um texto redacional, uma poesia, uma música, um quadro de pintura, uma representação teatral ou outra criatividade que lhe pareça apropriada para o momento, tente, não deixe passar esta oportunidade, ponha sua imaginação para funcionar!

 
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