91ª SEMANA EUCLIDIANA - SÃO JOSÉ DO RIO PARDO/SP
OFICINA PARA A ÁREA II - ENSINO MÉDIO:
Profª Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda
(EE "EUCLIDES DA CUNHA"-EFM - SÃO JOSÉ DO RIO PARDO;
UNIP- SÃO JOSÉ DO RIO PARDO - SP)
Para esta proposta, serão trabalhados os seguintes textos:
AULA I
TEXTO I - Higrômetros singulares (Capítulo (III - A Terra)
Não a observamos através do rigorismo de processos clássicos,
mas graças a higrômetros inesperados e bizarros.
Percorrendo certa vez, nos fins de setembro, as cercanias de Canudos, fugindo
à monotonia de um canhoneio frouxo de tiros espaçados e soturnos,
encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro irregular, onde as colinas
se dispunham circulando a um vale único. Pequenos arbustos, icozeiros
virentes viçando em tufos intermeados de palmatórias de flores
rutilantes, davam ao lugar a aparência exata de algum velho jardim em
abandono. Ao lado uma árvore única, uma quixabeira alta, sobranceando
a vegetação franzina.
O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão, e protegido por
ela -- braços largamente abertos, face volvida para os céus, --
um soldado descansava.
Descansava... havia três meses.
Morrera no assalto de 18 de julho. A coronha da mannlicher estrondada, o cinturão
e o boné jogados a uma banda, e a farda em tiras, diziam que sucumbira
em luta corpo a corpo com adversário possante. Caíra, certo, derreando-se
à violenta pancada que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta.
E ao enterrar-se, dias depois, os mortos, não fora percebido. Não
compartira, por isto, à vala comum de menos de um côvado de fundo
em que eram jogados, formando pela última vez juntos, os companheiros
abatidos na batalha. O destino que o removera do lar desprotegido fizera-lhe
afinal uma concessão: livrara-o da promiscuidade lúgubre de um
fosso repugnante; e deixara-o ali há três meses -- braços
largamente abertos, rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes,
para os luares claros, para as estrelas fulgurantes...
E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara conservando os traços fisionômicos,
de modo a incutir a ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se
em tranqüilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem
um verme -- o mais vulgar dos trágicos analistas da matéria --
lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da vida sem decomposição
repugnante, numa exaustão imperceptível. Era um aparelho revelando
de modo absoluto, mas sugestivo, a secura extrema dos ares.
Os cavalos mortos naquele mesmo dia semelhavam espécimens empalhados,
de museus. O pescoço apenas mais alongado e fino, as pernas ressequidas
e o arcabouço engelhado e duro.
À entrada do acampamento, em Canudos, um deles, sobre todos, se destacava
impressionadoramente. Fora a montada de um valente, o alferes Wanderley; e abatera-se,
morto juntamente com o cavaleiro. Ao resvalar, porém, estrebuchando malferido,
pela rampa íngreme, quedou, adiante, à meia encosta, entalado
entre fraguedos. Ficou quase em pé, com as patas dianteiras firmes num
ressalto da pedra... E ali estacou feito um animal fantástico, aprumado
sobre a ladeira, num quase curvetear, no último arremesso da carga paralisada,
com todas as aparências de vida, sobretudo quando, ao passarem as rajadas
ríspidas do nordeste, se lhe agitavam as longas crinas ondulantes . .
.
Quando aquelas lufadas, caindo a súbitas, se compunham com as colunas
ascendentes, em remoinhos turbilhonantes, à maneira de minúsculos
ciclones, sentia-se, maior, a exsicação do ambiente adusto: cada
partícula de areia suspensa do solo gretado e duro irradiava em todos
os sentidos, feito um foco calorífico, a surda combustão da terra.
Fora disto -- nas longas calmarias, fenômenos óticos bizarros.
Do topo da Favela, se a prumo dardejava o sol e a atmosfera estagnada imobilizava
a natureza em torno, atentando-se para os descambados, ao longe, não
se distinguia o solo.
O olhar fascinado perturbava-se no desequilíbrio das camadas desigualmente
aquecidas, parecendo varar através de um prisma desmedido e intáctil,
e não distinguia a base das montanhas, como que suspensas. Então,
ao norte da Canabrava, numa enorme expansão dos plainos perturbados,
via-se um ondular estonteador; estranho palpitar de vagas longínquas;
a ilusão maravilhosa de um seio de mar, largo, irisado, sobre que caísse,
e refrangesse, e ressaltasse a luz esparsa em cintilações ofuscantes...
AULA II
TEXTO II - O sertanejo (Capítulo III - O Homem)
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo
exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário.
Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima
das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo,
reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza,
sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de
membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar
de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente.
A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou
parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras
com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda
da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória
retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico,
de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas
sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro,
bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo -- cai é
o termo -- de cócoras, atravessando largo tempo numa posição
de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso
pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade
a um tempo ridícula e adorável.
É o homem permanentemente fatigado.
Reflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em tudo:
na palavra remorada, no gesto contrafeito, no andar desaprumado, na cadência
langorosa das modinhas, na tendência constante à imobilidade e
à quietude.
Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude.
Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso.
Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações
completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear
das energias adormecidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos
relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe,
alta, sobre os ombros possantes aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e
corrigem-se-lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os
efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar
do tabaréu canhestro reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de
um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força
e agilidade extraordinárias.
Este contraste impõe-se ao mais leve exame. Revela-se a todo o momento,
em todos os pormenores da vida sertaneja -- caracterizado sempre pela intercadência
impressionadora entre extremos impulsos e apatias longas.
É impossível idear-se cavaleiro mais chucro e deselegante; sem
posição, pernas coladas ao bojo da montaria, tronco pendido para
a frente e oscilando à feição da andadura dos pequenos
cavalos do sertão, desferrados e maltratados, resistentes e rápidos
como poucos. Nesta atitude indolente, acompanhando morosamente, a passo, pelas
chapadas, o passo tardo das boiadas, o vaqueiro preguiçoso quase transforma
o "campeão" que cavalga na rede amolecedora em que atravessa
dois terços da existência.
Mas se uma rês "alevantada" envereda, esquiva, adiante, pela
caatinga garranchenta, ou se uma ponta de gado, ao longe, se trasmalha, ei-lo
em momentos transformado, cravando os acicates de rosetas largas nas ilhargas
da montaria e partindo como um dardo, atufando-se velozmente nos dédalos
inextricáveis das juremas.
Vimo-lo neste steeple-chase bárbaro.
Não há contê-lo, então, no ímpeto. Que se
lhe antolhem quebradas, acervos de pedras, coivaras, moiras de espinhos ou barrancas
de ribeirões, nada lhe impede encalçar o garrote desgarrado, porque
"por onde passa o boi passa o vaqueiro com o seu cavalo"...
Colado ao dorso deste, confundindo-se com ele, graças a pressão
dos jarretes firmes, realiza a criação bizarra de um centauro
bronco: emergindo inopinadamente nas clareiras; mergulhando nas macegas altas;
saltando valos e ipueiras; vingando cômoros alçados; rompendo,
célere, pelos espinheirais mordentes; precipitando-se, a toda brida,
no largo dos tabuleiros . . .
A sua compleição robusta ostenta-se, nesse momento, em toda a
plenitude. Como que é o cavaleiro robusto que empresta vigor ao cavalo
pequenino e frágil, sustenta-o nas rédeas improvisadas de caroá,
suspendendo-o nas esporas, arrojando-o na carreira -estribando curto, pernas
encolhidas, joelhos fincados para a frente, torso colado no arção
-- "escanchado no rastro" do novilho esquivo: aqui curvando-se agilíssimo,
sob um ramalho, que lhe roça quase pela sela; além desmontando,
de repente, como um acrobata, agarrado às crinas do animal, para fugir
ao embate de um tronco percebido no último momento e galgando, logo depois,
num pulo, o selim; -- e galopando sempre, através de todos os obstáculos,
sopesando à destra sem a perder nunca, sem a deixar no inextricável
dos cipoais, a longa aguilhada de ponta de ferro encastoada em couro, que por
si só constituiria, noutras mãos, sérios obstáculos
à travessia...
Mas terminada a refrega, restituída ao rebanho a rès dominada,
ei-lo, de novo caído sobre o lombilho retovado, outra vez desgracioso
e inerte, oscilando à feição da andadura lenta´ com a aparência
triste de um inválido esmorecido
AULA III
TEXTO III - Por que não pregar contra a República ? (Capítulo
V - O Homem)
Pregava contra a República; é certo.
O antagonismo era inevitável. Era um derivativo à exacerbação
mística; uma variante forçada ao delírio religioso.
Mas não traduzia o mais pálido intuito político; o jagunço
é tão inapto para apreender a forma republicana como a monárquico-constitucional.
Ambas lhe são abstrações inacessíveis. É
espontaneamente adversário de ambas. Está na fase evolutiva em
que só é conceptível o império de um chefe sacerdotal
ou guerreiro.
Insistamos sobre esta verdade: a guerra de Canudos foi um refluxo em nossa história.
Tivemos, inopinadamente, ressurreta e em armas em nossa frente, uma sociedade
velha, uma sociedade morta, galvanizada por um doido. Não a conhecemos.
Não podíamos conhecê-la. Os aventureiros do século
17, porém, nela topariam relações antigas, da mesma sorte
que os iluminados da Idade Média se sentiriam à vontade, neste
século, entre os demonopatas de Varzenis ou entre os Stundistas da Rússia.
Porque essas psicoses epidêmicas despontam em todos os tempos e em todos
os lugares como anacronismos palmares, contrastes inevitáveis na evolução
desigual dos povos, patentes sobretudo quando um largo movimento civilizador
lhes impele vigorosamente as camadas superiores.
Os perfectionists exagerados rompem, então, lógicos, dentre o
industrialismo triunfante da América do Norte, e a sombria Sturmisch,
inexplicavelmente inspirada pelo gênio de Klopstock, comparte o berço
da renascença alemã...
Entre nós o fenômeno foi porventura ainda mais explicável.
Vivendo quatrocentos anos no litoral vastíssimo, em que palejam reflexos
da vida civilizada, tivemos de improviso, como herança inesperada, a
República. Ascendemos, de chofre, arrebatados na caudal dos ideais modernos,
deixando na penumbra secular em que jazem, no âmago do país, um
terço da nossa gente. Iludidos por uma civilização de empréstimo;
respigando, em faina cega de copistas, tudo o que de melhor existe nos códigos
orgânicos de outras nações, tornamos, revolucionariamente,
fugindo ao transigir mais ligeiro com as exigências da nossa própria
nacionalidade, mais fundo o contraste entre o nosso modo de viver e o daqueles
rudes patrícios mais estrangeiros nesta terra do que os imigrantes da
Europa. Porque não no-los separa um mar, separam-no-los três séculos
. . .
E quando pela nossa imprevidência inegável deixamos que entre eles
se formasse um núcleo de maníacos, não vimos o traço
superior do acontecimento. Abreviamos o espírito ao conceito estreito
de uma preocupação partidária. Tivemos um espanto comprometedor
ante aquelas aberrações monstruosas; e, com arrojo digno de melhores
causas, batemo-los a carga de baionetas. reeditando por nossa vez o passado,
numa "entrada" inglória, reabrindo nas paragens infelizes as
trilhas apagadas das bandeiras...
Vimos no agitador sertanejo, do qual a revolta era um aspecto da própria
rebeldia contra a ordem natural, adversário sério, estrênuo
paladino do extinto regímen, capaz de derruir as instituições
nascentes.
E Canudos era a Vendéia...
Entretanto, quando nos últimos dias do arraial foi permitido o ingresso
nos casebres estraçoados , salteou o ãnimo dos triunfadores decepção
dolorosa. A vitória duramente alcançada dera-lhes direito à
devassa dos lares em ruínas. Nada se eximiu à curiosidade insaciável.
Ora, no mais pobre dos saques que registra a História, onde foram despojos
opimos imagens mutiladas e rosários de coco, o que mais acirrava a cobiça
dos vitoriosos eram as cartas, quaisquer escritos e, principalmente os desgraciosos
versos encontrados. Pobres papéis, em que a ortografia bárbara
corria parelhas com os mais ingênuos absurdos e a escrita irregular e
feia parecia fotografar o pensamento torturado, eles resumiam a psicologia da
luta. Valiam tudo porque nada valiam. Registravam as prédicas de Antônio
Conselheiro; e, lendo-as, põe-se de manifesto quanto eram elas afinal
inócuas, refletindo o turvamento intelectual de um infeliz. Porque o
que nelas vibra em todas as linhas é a mesma religiosidade difusa e incongruente,
bem pouca significação política, permitindo emprestar-se
às tendências messiânicas expostas. O rebelado arremetia
com a ordem constituída porque se lhe afigurava iminente o reino de delícias
prometido. Prenunciava-o a República -- pecado mortal de um povo --heresia
suprema indicadora do triunfo efêmero do anti-Cristo. Os rudes poetas,
rimando-lhe os desvairos em quadras incolores, sem a espontaneidade forte dos
improvisos sertanejos, deixaram bem vivos documentos nos versos disparatados,
que deletreamos pensando, como Renan, que há, rude e eloqüente,
a segunda Bíblia do gênero humano, nesse gaguejar do povo.
Copiemos ao acaso alguns:
Sahiu D. Pedro segundo
"Para o reino de Lisboa
"Acabosse a monarquia
"O Brasil ficou atôa !
A República era a impiedade:
"Garantidos pela lei
"Aquelles malvados estão
"Nós temos a lei de Deus
"Elles tem a lei do cão !
"Bem desgraçados são elles
"Pra fazerem a eleição
"Abatendo a lei de Deus
"Suspendendo a lei do cão !
"Casamento vão fazendo
"Só para o povo iludir
´´Vão casar o povo todo
"No casamento civil!
O governo demoníaco, porém, desaparecerá em breve:
"D. Sebastião já chegou
"E traz muito regimento
"Acabando com o civil
"E fazendo o casamento !
"O Anti-Cristo nasceu
"Para o Brasil governar
"Mas ahi está o Conselheiro
"Para delle nos livrar!
" Visita nos vem fazer
"Nosso rei D. Sebastião.
"Coitado daquelle pobre
"Que estiver na lei do cão!
A lei do cão...
Este era o apotegma mais elevado da seita. Resumia-lhe o programa. Dispensa
todos os comentários.
Eram, realmente, fragílimos aqueles pobres rebelados...
Requeriam outra reação. Obrigavam-nos a outra luta.
Entretanto enviamos-lhes o legislador Comblain; e esse argumento único,
incisivo, supremo e moralizador -- a bala.
*
Mas antes tentou-se empresa mais nobre e mais prática.
AULA IV
TEXTOS IV e V - A degola e Um grito de protesto (Últimos dias -I e II
- A Luta)
A degola
Chegando à primeira canhada encoberta, realizava-se uma cena vulgar.
Os soldados impunham invariavelmente à vítima um viva à
República, que era poucas vezes satisfeito. Era o prólogo invariável
de uma cena cruel. Agarravam-na pelos cabelos, dobrando-lhe a cabeça,
esgargalando-lhe o pescoço; e, francamente exposta a garganta, degolavam-na.
Não raro a sofreguidão do assassino repulsava esses preparativos
lúgubres. O processo era, então, mais expedito: varavam-na, prestes,
a facão.
Um golpe único, entrando pelo baixo ventre. Um destripamento rápido...
Tínhamos valentes que ansiavam por essas cobardias repugnantes, tácita
e explicitamente sancionadas pelos chefes militares. Apesar de três séculos
de atraso, os sertanejos não lhes levavam a palma no estadear idênticas
barbaridades.
Um grito de protesto
Ademais, não havia temer-se o juízo tremendo do futuro. A História
não iria até ali.
Afeiçoara-se a ver a fisionomia temerosa dos povos na ruinaria majestosa
das cidades vastas, na imponência soberana dos coliseus ciclópicos,
nas gloriosas chacinas das batalhas clássicas e na selvatiqueza épica
das grandes invasões. Nada tinha que ver naquele matadouro.
O sertão é o homízio. Quem lhe rompe as trilhas, ao divisar
à beira da estrada a cruz sobre a cova do assassinado, não indaga
do crime. Tira o chapéu, e passa.
E lá não chegaria, certo, a correção dos poderes
constituídos. O atentado era público. Conhecia-o, em Monte Santo,
o principal representante do governo, e silenciara. Coonestara-o com a indiferença
culposa Desse modo a consciência da impunidade, do mesmo passo fortalecida
pelo anonimato da culpa e pela cumplicidade tácita dos únicos
que podiam reprimi-la, amalgamou-se a todos os rancores acumulados, e arrojou,
armada até aos dentes, em cima da mísera sociedade sertaneja,
a multidão criminosa e paga para matar.
Canudos tinha muito apropriadamente, em roda, uma cercadura de montanhas. Era
um parêntesis; era um hiato. Era um vácuo. Não existia.
Transposto aquele cordão de serras, ninguém mais pecava.
Realizava-se um recuo prodigioso no tempo; um resvalar estonteador por alguns
séculos abaixo.
Descidas as vertentes, em que se entalava aquela furna enorme, podia representar-se
lá dentro, obscuramente, um drama sanguinolento da idade das cavernas.
O cenário era sugestivo. Os atores, de um e de outro lado, negros, caboclos,
brancos e amarelos, traziam, intacta, nas faces, a caracterização
indelével e multiforme das raças -- e só podiam unificar-se
sobre a base comum dos instintos inferiores e maus.
A animalidade primitiva, lentamente expungida pela civilização,
ressurgiu, inteiriça. Desforrava-se afinal. Encontrou nas mãos,
ao invés do machado de diorito e do arpão de osso, a espada e
a carabina. Mas a faca relembrava-lhe melhor o antigo punhal de sílex
lascado. Vibrou-a. Nada tinha a temer. Nem mesmo o juízo remoto do futuro.
Mas que entre os deslumbramentos do futuro caia, implacável e revolta;
sem altitude, porque a deprime o assunto; brutalmente violenta, porque é
um grito de protesto; sombria, porque reflete uma nódoa -- esta página
sem brilhos. . .
TEXTO COMPLEMENTAR - ATIVIDADE LÚDICA: A PERENIDADE DA LINGUAGEM EUCLIDIANA
O "PENTA" NA VISÃO DE UM EUCLIDIANISTA
Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda
03/07/2002
O brasileiro é, antes de tudo,um forte.
Sobe o dólar, o mercado financeiro fica instável, e ele ali, firme,
acreditando no país. No domingo, final de Copa do Mundo, anunciam mais
um aumento da gasolina... Mas ele não vacila.
Segue firme em seu desejo: "Traz o penta, Brasil!"
Acordar cedo no único dia de descanso semanal, o que importa? Melhor:
nem vai dormir, faz a festa que atravessa a noite e cruza o Brasil, esperando
o momento da decisão tão importante para ele. E prepara o ritual:
camisas, lenços, perucas verde-amarelas, bandeiras de todos os tamanhos,
até o carro ganha as cores brasileiras. Reúne amigos, a cerveja
gelada, batucada...
E começa a batalha. E o brasileiro, tipo abstrato que se procura, está
ali, em campo, pronto para a guerra, em casa, nos bares e nas praças,
colado à tela que o transporta ao outro lado do mundo e ao encontro de
sua identidade, na variedade de cores, estaturas e caracteres.
Momento histórico: a poderosa e bem nutrida raça ariana, com sua
aparente superioridade de raça pura, pronta para arrasar aqueles representantes
do terceiro mundo. De um país que, nas últimas semanas, parecia
resumido no "risco Brasil". Que mereceu do Times um comentário
de desprezo, país subdesenvolvido e sem perspectivas.
A Alemanha assusta, rápida, racional, técnica e fria. Entretanto,
os brasileiros que estão em campo conhecem o tamanho da esperança
neles depositada, por um povo que já acredita em muito pouco. Aquele
povo que ainda busca sua identidade, seu caráter como brasileiro, diverso
daquele que povoa o imaginário europeu, para quem nosso país não
serve, pois só o "puro" consegue ter lugar entre os maiores.
Uma identidade que seja a expressão de uma história singular e
coletiva, que leve em conta sua língua mestiça, seu físico
resultante de cruzamentos interétnicos, Macunaíma, não
sem caráter, e sim a soma de uma justaposição de etnias.
Cada brasileiro, mesmo distante, sente que sua identidade nada tem a ver com
a imagem de nossos políticos corruptos, ou com violentos marginais inseridos
no tráfico de drogas e menos ainda com a figura de preguiça e
indolência com a qual a sociedade capitalista teima em caracterizá-lo.
Nesse momento, sabe que sua verdadeira identidade está representada ali,
no gramado, e que sua construção se deu de forma sutil e elaborada.
Incompreensível, portanto, para muitos que não conhecem o íntimo
desse povo tão diferente. O resultado das raças mestiças
do Brasil é um problema que por muito tempo desafia o esforço
dos melhores espíritos.
E ali se enfrentam, perante o mundo, mestiços e puros.
Final do primeiro tempo, início do segundo... coração apertado,
dúvida, insegurança. Seriam mesmo os alemães invencíveis?
Porém a memória coletiva nos lembra que há cem anos um
grande escritor dissera ser o brasileiro um povo predestinado à formação
de uma raça histórica em um futuro remoto. Seria agora?
Tensão, o gol não sai. E o "fenômeno" Ronaldo,
perdendo uma bola após a outra...
Entretanto, quando menos se espera, num instante, o homem transfigura-se. Empertiga-se,
a cabeça firma-se-lhe alta e ele assume o aspecto dominador de um titã
acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade
extraordinárias.
Recebe a bola, gira, e aí não há como contê-lo, então,
no ímpeto. Arremessa e... o tão esperado gol desata, enfim, o
nó da garganta do povo brasileiro. Alívio geral. É preciso,
entretanto, lutar, pois um alemão também não foge à
luta, e um empate sempre acaba sendo arriscado demais.
Há o Ronaldinho, gaúcho, valente, inimitável numa carga
guerreira, transmuda a bola em projétil e vara quadrados, levando de
rojo o adversário no rompante das bolas arremessadas.
Do outro lado, Cafu, colado à bola, confundindo-se com ela, arrojando-a
na carreira, galopando o adversário, sempre, através de todos
os obstáculos.
E o grande Rivaldo, se não pode levar avante a empreitada, "pede
campo" aos companheiros mais vizinhos, deixando a bola e a finalização
para Ronaldo.
Solidários todos, auxiliam-se incondicionalmente em todas as conjunturas
e lá se vão: não há mais como contê-los ou
alcançá-los. Destroem, em minutos, a suposta superioridade de
uma raça historicamente vitoriosa. Na luta. Na força. Na vontade
de uma nação de alma aberta e coração puro, que
só deseja um motivo verdadeiro para gritar, em êxtase, o orgulho
de ser brasileiro.
Vitória. A corrida olímpica. A irreverência de Cafu, subindo
ao local da taça e fazendo uma declaração de amor à
esposa, revelando nele um brasileiro comum. E nosso povo, feliz, sai às
ruas, enche o país de música, de festa. Momentos únicos,
em que o povo, naquela conhecida "corrente pra frente", sabe que é
ele mesmo. Encontra sua identidade, ali, na "família Scolari"
- "a família Brasil", que sempre foi e será uma diversidade
e uma síntese. 1
1 . Todas citações em itálico são tiradas de CUNHA,
Euclides da. Os Sertões: Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1967.
Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda
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VOCABULÁRIO BÁSICO PARA OS TEXTOS DA OFICINA "LEITURA E
INTERPRETAÇÃO DE EXCERTOS DE OS SERTÕES"
Profª Maria Olívia Garcia Ribeiro de Arruda
TEXTO I
1. higrômetros = Quaisquer instrumentos destinados a medir a umidade
do ar ou de um gás.
2. inesperados = Não esperado; imprevisto, inopinado.
3. bizarros= Extravagante, esquisito.
4. canhoneio = Descarga de canhões, canhonada.
5. soturnos = 1.Triste, sombrio, lúgubre: 2. Silencioso, taciturno; 3.
Que infunde pavor; medonho, lúgubre, funesto
6. anfiteatro = Antigo edifício oval ou circular, com arquibancadas e,
no centro, uma arena, para espetáculos públicos, combates de feras
ou de gladiadores, jogos e representações.
7. icozeiros = Pequena e copada árvore da família das caparidáceas
(Capparis yco), muito característica da caatinga nordestina, de folhas
coriáceas, ovado-elípticas, flores de três a cinco centímetros,
com longos estames e pétalas citrinas, e cujo fruto é uma baga
de três a quatro centímetros de diâmetro, com polpa e muitas
sementes; icozeiro, icó-preto.
8. virentes = Que verdeja; verdejante, viridente, viridante, verde.
9. viçando = desenvolvendo-se, aumentando.
10. palmatórias = Designação comum a várias cactáceas
do gênero Opuntia, esp. a Opuntia monacantha.
11. rutilantes = Muito brilhantes; resplandecentes, esplendorosas.
12. quixabeira = Arvoreta lactescente, da família das sapotáceas
(Bumelia sartorum), muito difundida na caatinga, e que tem folhas pequenas e
numerosos espinhos robustos. O gado, na época da seca, come-lhe folhas
e frutos.
13. sobranceando = 1.Dominar pela altura; dominar; 2. Pôr em cima; sobrepor.
14. mannlicher
15. estrondada = Fazer estrondo, ruído; soar com força; estrepitar.
16. derreando-se = Curvando-se, vergando-se, inclinando-se.
17. escara = Crosta resultante da mortificação de tecido, devida
a causas diversas (compressão ou traumatismos repetidos, cáusticos,
queimaduras, etc.).
18. côvado = Antiga unidade de medida de comprimento equivalente a três
palmos, ou seja, 0,66m; cúbito.
19. promiscuidade = Qualidade de promíscuo; mistura desordenada e confusa
20. lúgubre = Triste, soturno, fúnebre, funesto, lôbrego:
2
21. fosso = Valeta ou rego ao longo das estradas.
22. incutir = Infundir no ânimo de; insinuar, sugerir, inspirar, suscitar.
23. arcabouço = Ossatura ou disposição do peito; tórax,
peito. Esqueleto humano ou de qualquer animal.
24. engelhado = Que tem gelhas; enrugado. Fig. Encolhido; enleado.
25. estrebuchando = Agitando muito os pés e as mãos; mexendo muito;
não estando quieto; debatendo-se.
26. fraguedos = Fraga extensa; rochedo, penhasco.
27. aprumado = Perfeitamente vertical. Fig. Diz-se de indivíduo correto
e digno; alinhado. Fig. Bem vestido, bem-apresentado, bem-posto, alinhado
28. curvetear = Fazer curvetas; corcovear.
29. lufadas = Aumento repentino, temporário e forte da intensidade com
que o vento sopra; lufa, rabanada. Fig. Sucessão contínua e rápida.
30. remoinhos = Movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas
ou ventos contrários.
31. turbilhonantes = Volteantes como um turbilhão.
32. exsicação = ato de secar bem; de ressequir.
33. adusto = Muito quente; esbraseado, ardente. Queimado, ressequido.
34. gretado = Que tem gretas. Diz-se da pele com pequenas rachaduras.
35. combustão = Ação de queimar, de comburir; ustão.
Estado de um corpo que arde produzindo calor, ou calor e luz; ignificação.
36. dardejava = Arremessava dardo(s) contra: Movia ou vibrava à maneira
de dardo: Projetava cintilações; chamejava, cintilava, resplandecia,
fulgurava.
Lançava de si; desferia, emitia.
37. estagnada = Que se estagnou, que não corre; parado. Fig. Inativo,
inerte, parado, paralisado.
38. descambados = Terreno em declive. Caído, desabado, tombado.
TEXTO II
1. raquitismo = Doença da infância devida a deficiência
de vitamina D e que se manifesta, sobretudo, por deformidades e alterações
outras do esqueleto. Fig. Fraqueza intelectual ou moral.
2. neurastênicos = Pop. Indivíduo mal-humorado e irascível.
Com distúrbio
3. mental caracterizado por astenia psíquica, preocupação
com a própria saúde, grande irritabilidade, cefaléia, alterações
do sono e fácil fatigabilidade.
4. plástica = Arte de plasmar, amoldar, modelar, etc. A conformação
geral do corpo humano.
5. desempeno = Aprumo, elegância, galhardia. Desembaraço, agilidade.
6. Hércules =
7. Quasímodo =
8. gingante = que se inclina para um e outro lado, ao andar; bamboleante.
9. sinuoso = Que apresenta curvas irregulares, em sentidos diferentes; ondulante,
tortuoso, flexuoso.
10. translação = Movimento de um corpo em que todas as partículas
têm, em cada instante, a mesma velocidade e esta mantém uma direção
constante. Ato ou efeito de transladar; transporte, transladação,
trasladação.
11. umbral = Limiar, entrada.
12. sofreia = Sustar ou modificar a andadura de (a cavalgadura), puxando ou
retesando as rédeas.
13. espenda = Parte da sela em que assenta a coxa do cavaleiro.
14. celeremente = Velozmente, rapidamente.
15. meandros = Sinuosidades, rodeios, volteios de curso de água, de caminho
16. atonia = P. ext. Frouxidão, inércia. Med. Falta de tono ou
força normais; debilidade geral; fraqueza.
17. remorada = Retardado, demorado, delongado, remoroso.
18. cadência = Compasso e harmonia na disposição das palavras.
Regularidade de movimentos ou de sons; compasso, ritmo
19. langorosa = Sem forças; sem energia; frouxa, fraca, abatida, debilitada,
extenuada.
20. empertiga-se = Tornar teso, direito.Aprumar-se, endireitar-se.
21. estadear = Mostrar com enfatuamento; ostentar, alardear, pompear
22. tabaréu = Soldado bisonho. Fig. Indivíduo que pouco sabe do
seu ofício. Bras. V. caipira.
23. canhestro = Feito às canhas, às avessas, desajeitadamente.
Acanhado, retraído.
24. titã = Cada um dos gigantes que, segundo a mitologia, pretenderam
escalar o Céu e destronar Júpiter. Fig. Pessoa que tem caráter
de grandeza gigantesca, física, intelectual ou moral.
25. acobreado = Da cor ou aspecto do cobre.
26. intercadência = Falta de continuidade; interrupção.
27. apatia = Estado de impassibilidade, de indiferença. Falta de energia;
indolência.
28. chucro =
29. moroso = Demorado, lento
30. enveredar = Tomar caminho; dirigir-se, encaminhar-se, seguir. Bras. Seguir
com destino exclusivo a certo e determinado lugar.
31. esquivar = Evitar (pessoa ou coisa que nos ameaça ou desagrada).
Afastar, desviar, arredar. Retirar-se ou afastar-se dissimuladamente.
32. garranchento = Cheio de garranchos; garranchoso. Letra ruim, ininteligível.
Ramo tortuoso de árvores.
33. trasmalhar = Deixar fugir, escapar ou perder. Fazer fugir; fazer que se
disperse ou se afugente. Afastar-se do bando; fugir, dispersando-se; debandar(-se),
espalhar-se, dispersar-se; esmadrigar-se, tresmalhar.
34. acicate = Espora de um só aguilhão.
35. roseta = Pequena roda dentada da espora.
36. ilharga = Cada uma das partes laterais e inferiores do baixo-ventre.
37. atufar-se = Encher, abarrotar, atochar. Inchar, intumescer; entufar. Meter-se,
internar-se; adentrar-se; embrenhar-se.
38. dédalo = [Do antr. Dédalo, arquiteto grego construtor do labirinto
de Creta.] Cruzamento confuso de caminhos; encruzilhada, labirinto.
39. inextricável = Que não se pode deslindar; indestrinçável.
Emaranhado; enredado, intricado, intrincado.
40. steeple-chase = Corrida de obstáculos.
41. antolhar = Pôr diante dos olhos. Representar na imaginação;
figurar. Oferecer-se à vista, à imaginação, ao desejo.
42. coivara = Restos ou pilha de ramagens não atingidas pela queimada,
na roça à qual se deitou fogo, e que se juntam para serem incineradas
a fim de limpar o terreno e adubá-lo com as cinzas, para uma lavoura.
Galhadas e troncos de árvores derrubados pelas cheias e que descem rio
abaixo.
43. moiras = Indivíduo dos mouros, povos que habitavam a Mauritânia
(África); mauritano, mauro, sarraceno. Aquele que não é
batizado, que não tem a fé cristã; infiel. Diz-se do cavalo
de pêlo preto salpicado de branco.
44. jarrete = A parte da perna situada atrás da articulação
do joelho. Nervo ou tendão da perna dos quadrúpedes; curvejão;
curvilhão.
45. centauro = Monstro fabuloso, metade homem e metade cavalo.
46. bronco = Rude, rústico, inculto; ignorante, ignaro.
47. inopinado = Não esperado; imprevisto. Extraordinário, singular..
48. macega = Erva daninha que surge nas searas. Erva daninha que surge nas searas.
O capim dos campos, quando seco e tão crescido que dificulta o trânsito.
Arbusto rasteiro que viceja, em geral, nos campos de qualidade inferior.
49. ipueira = Lagoeiro formado nos lugares baixos pelo transbordamento dos rios,
e onde as águas, em geral piscosas, se conservam meses a fio.
50. cômoro = Pequena elevação de terreno; duna, combro.
51. alçado = Erguido, levantado, alceado.
52. célere = Que se move depressa, com muita velocidade; ligeiro, veloz.
53. espinheiral = Quantidade mais ou menos considerável de espinheiros
dispostos proximamente entre si; espinhal.
54. mordente = Que morde; mordaz.
55. a toda brida = À desfilada; à disparada, em disparada.
56. tabuleiro = Planalto pouco elevado, em geral arenoso e de vegetação
rasteira. Faixa de terra de poucas árvores e quase sem nenhum arbusto.
57. compleição = Constituição física de alguém;
constituição, organização.
58. robusta = De constituição resistente; que suporta fadigas;
forte, vigoroso.
59. caroá = Planta acaule terrestre, da família das bromeliáceas
(Neoglaziovia variegata), de poucas folhas, flores variegadas, protegidas por
brácteas, e frutos em bagas sucosas, cujas fibras se usam na manufatura
de barbante, linhas de pesca e tecidos; coroatá, croatá, gravá,
gravatá.
60. arção = Parte arqueada e saliente da sela.
61. embate = Choque impetuoso; encontro violento; colisão. Fig. Oposição,
resistência. Fig. Choque ou abalo violento, profundo.
62. sopesar = Tomar com a mão o peso de. . Manter-se em equilíbrio;
equilibrar-se.
63. inextricável = Emaranhado; enredado, intricado, intrincado.
64. cipoal = Mato abundante de cipós tão enredados que dificultam
o trânsito; cipoada.
65. encastoado = engastado, embutido. Pôr remate superior das bengalas.
66. retovado = Envolto em retovo. Forro de couro muito usado em cabos de relho,
bengalas, etc.
67. esmorecido = Desanimado, desalentado, abatido, triste.
TEXTO III
1. antagonismo = Oposição de idéias ou de sistemas. Rivalidade,
incompatibilidade.
2. exacerbação = agravamento, irritação.
3. místico = Misterioso e espiritualmente alegórico ou figurado.
Devoto, religioso, contemplativo, piedoso.
4. abstração = Ato de separar mentalmente um ou mais elementos
de uma totalidade complexa (coisa, representação, fato), os quais
só mentalmente podem subsistir fora dessa totalidade. Estado de alheamento
do espírito; enleio, devaneio, abstraimento.
5. refluxo = Ato ou efeito de refluir. Movimento contrário e sucessivo
a outro. Med. Regurgitação,
6. inopinado = Não esperado; imprevisto. Extraordinário, singular.
7. ressurreto = Que ressurgiu ou ressuscitou; ressurgido.
8. galvanizado = que sofreu operação de recobrir o ferro com uma
camada de zinco metálico, a fim de o proteger contra os efeitos da oxidação;
zincagem. Fig. A que se deu vida, energia, estímulo; reanimado. Fig.
Arrebatado, encantado, inflamado, eletrizado.
9. iluminado = Fig. Ilustrado, esclarecido, instruído. Indivíduo
que se julga inspirado. Visionário; vidente.
10. demonopata = Que sofre de demonomania; demonômano. (Mania dos loucos
que se julgam possessos do Demônio; demonopatia)
11. psicose = Idéia fixa; obsessão.
12. epidêmico = Relativo a, ou que tem caráter de epidemia.( Doença
que surge rapidamente num lugar e acomete, a um tempo, grande número
de pessoas.)
13. anacronismo = Confusão de data quanto a acontecimentos ou pessoas.
Avesso aos costumes hodiernos; retrógrado.
14. palmares = Uma das regiões botânicas do Brasil setentrional,
a qual abrange vastas zonas onde a vegetação predominante são
palmeiras (babaçu, carnaúba, etc.). Quilombo dos Palmares. P.
ext. Negros que habitavam esse quilombo.
15. renascença = Movimento artístico e científico dos sécs.
XV e XVI, que pretendia ser um retorno à Antiguidade Clássica.
16. palejar = Tornar-se ou mostrar-se pálido; empalidecer.
17. imprevidência = Falta de previdência; desprevenção.
18. arrojo = Temeridade, ousadia; audácia, atrevimento. Apresentação
pomposa; aparato.
19. estrênuo = Valente, corajoso, denodado. Esforçado, forte, firme;
tenaz, porfiado.
20. paladino = Fig. Homem de grande bravura; defensor estrênuo; campeão.
21. estraçalhado = Fazer(-se) em pedaços; espedarçar(-se),
despedaçar(-se), estraçoar(-se), estracinhar(-se), estrafegar(-se).
22. saltear = Atacar ou acometer de salto ou de repente, para roubar ou matar.
Roubar, saquear. Cair de improviso sobre; apanhar de surpresa; surpreender.
23. despojo = O que caiu ou se arrancou, tendo servido de revestimento ou adorno.
Coisa ou pessoa arrebatada ou apreendida com violência ou rapacidade;
despojo.
24. opimo = Excelente, abundante, fértil, rico.
25. parelha = Par de alguns animais, em especial muares e cavalares. Turfe Par
de cavalos inscritos sob o mesmo número em uma carreira. Igualar-se;
rivalizar.
26. manifesto = Declaração pública ou solene das razões
que justificam certos atos ou em que se fundamentam certos direitos. Programa
político, religioso, estético, etc. O documento escrito que contém
quaisquer dessas declarações.
27. inócuo = Que não faz dano; inocente, inofensivo, inóxio.
28. turvamento = Ato ou efeito de turvar(-se); turvação, turvo.
(tornar-se escuro, turvo)
29. difuso = Em que há difusão; disseminado, divulgado. Antrop.
Processo pelo qual elementos ou características culturais são
transmitidos a outras sociedades ou a outras regiões por meio de contato
ou de migrações, produzindo semelhanças que não
decorrem de invenção independente. Ópt. Espalhamento de
um raio luminoso, determinado pela sua passagem através de um meio que
contém pequenas partículas, ou irregularidades microscópicas.
30. incongruente = Inconveniente, impróprio, incompatível, incôngruo.
31. messiânico = Relativo ao Messias, a messias, ou ao messianismo. Antrop.
Social. Qualquer movimento político-religioso baseado na crença
em um enviado divino (já presente ou ainda por vir) que anuncia e prepara
a abolição das condições vigentes, e por fim instaura,
ou reinstaura, uma era de plena felicidade e justiça.
32. heresia = Doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja em matéria
de fé. Idéia ou teoria contrária a qualquer doutrina estabelecida.
33. deletrear = Ler letra por letra; soletrar. Ler mal.
34. Renan =
35. apotegma = aforismo, sentença moral breve e conceituosa.
36. Comblain =
37. esgargalar = Descobrir (todo o pescoço); esgorjar; esbagachar.
38. sofreguidão = Impaciência, pressa. Desejo, ambição,
cobiça, avidez.
39. lúgubre = Relativo a luto, fúnebre. Triste, soturno, fúnebre,
funesto, lôbrego.
40. expedito = Desembaraçado, ativo, diligente, lesto; expeditivo.
TEXTO IV
1. Canhada = A parte baixa entre colinas ou coxilhas. Vala profunda aberta
por chuvas fortes em ladeiras muito íngremes.
2. Prólogo = Cena introdutória, onde, em geral, se fornecem dados
prévios elucidativos do enredo da peça.
Nas peças de artilharia, corda que liga o reparo ao armão para
fazer fogo.
3. esgargalando-lheTeatr. A primeira parte, dialogada, da tragédia, no
antigo teatro grego. Cena introdutória, onde, em geral, se fornecem dados
prévios elucidativos do enredo da peça. Nas peças de artilharia,
corda que liga o reparo ao armão para fazer fogo.
4. estadear = Mostrar com enfatuamento; ostentar, alardear, pompear. Enfatuar-se,
ensoberbecer-se, envaidecer-se.
TEXTO V
1. ruinaria = Conjunto de ruínas.
2. Coliseu = Do it. Coliseo, var. de Colosseo < lat. tard. colosseu <
gr. kolossiaîos, ´colossal´.] Circo (2).
3. ciclópico = . Pertencente ou relativo a ciclope1. Fig. Extraordinário,
colossal, gigantesco. Diz-se de certos monumentos antigos construídos
com enormes blocos de pedra irregulares, provavelmente pelágicos.
4. selvatiqueza = Selvageria.
5. épico = Respeitante à epopéia e aos heróis. Fam.
Fora do comum; incomum, extraordinário, homérico
6. homizio = . Ato ou efeito de homiziar(-se). Esconderijo, valhacouto. Ant.
Homicídio. Crime que pelas leis antigas era punido com a morte ou desterro.
7. coonestar = Dar aparência de honestidade a; fazer que pareça
honesto, honrado, decente.
8. tácito = Silencioso, calado. Em que não há rumor; silencioso.
Que não se exprime por palavras; subentendido, implícito. Oculto,
secreto.
9. amalgamar-se = Fazer amálgama de (mercúrio com outro metal).
Confundir (coisas diversas); reunir, misturar. Combinar-se, mesclar-se.
10. mísero = Digno de compaixão; lastimável, deplorável,
miserando. Desprezível, abjeto, infame, torpe, vil, mísero.
11. furna = Caverna ou gruta, ger. formada de blocos de pedra; fojo, antro,
cova, lapa. Bras. BA Lugar retirado e esquisito.
12. indelével = Que não se pode delir; que não se dissipa;
indestrutível
13. expungir = Fazer desaparecer (uma escrita) para substituí-la por
outra; apagar, delir, eliminar. Limpar, isentar, livrar.
14. diorito = Rocha de textura granular constituída essencialmente de
oligoclásio ou andesita e de um mineral fêmico, de ordinário
a hornblenda.
15. arpão = O conjunto formado por um ferro em feitio de seta fixado
a um cabo, e que se destina a usos diversos, como a caça submarina, a
pesca de peixes de grande porte, ou de cetáceos, etc Bras. Cap. Desus.
Movimento em que o capoeirista persegue o adversário de costas para ele,
com o corpo rente ao chão, apoiando-se nas pernas estendidas e nos braços
flexionados, e olhando por cima do ombro. Se o adversário não
foge, geralmente com aú (q. v.), é derrubado por uma tesoura (q.
v.).
16. sílex = Mistura irregular de calcedônia com certa proporção
de sílica hidratada (opala); pederneira.
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