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Euclides e o berço de Os Sertões
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O trágico fim do filho de Euclides da Cunha no Acre
2004-03-09 09:28:55

 

HISTÓRIA


Não há detalhes de como Solon Cunha, filho do genial escritor brasileiro
Euclides da Cunha, autor de "Os Sertões", veio parar no Acre. Certo é que
sua vinda ocorreu após o assassinato de seu pai, em 15 de agosto de 1909, no
Rio de Janeiro. Três anos antes, Euclides subira até as cabeceiras do rio
Purus como chefe da expedição encarregada de definir os limites do Brasil
com a República do Peru. A expedição de Euclides se demorou seis meses (de
abril a outubro de 1906) desde a sua saída de Manaus e enfrentou muitos
percalços - havendo o próprio escritor sido acometido de várias doenças
tropicais, dentre elas a malária que levou consigo para o Rio de Janeiro.

Em 1926, Solon da Cunha exercia o cargo de Delegado de Polícia do Termo da
Vila Feijó, hoje município do mesmo nome. No dia 1º de maio daquele ano
deixou a sede da Vila acompanhado de seu escrivão e praças da polícia com a
finalidade de prender, no seringal Miraflores, as pessoas que haviam
assassinado a um seringalista e dois fregueses seus.

Após seis dias de viagem o delegado e seus agentes chegaram, à tarde, à
barraca dos Ambrósios, aonde se achavam entrincheirados os quatro
seringueiros tidos como autores dos homicídios. Ao se aproximar da barraca
Solon foi advertido por um seringueiro: "Doutor, vá prevenido porque dos
quatro homens que estão na barraca dos Ambrósios, dois se entregam e dois
resistem".

O delegado não deu ouvidos ao conselho que recebera e após pedir licença
penetrou na barraca anunciando: ¨Eu sou delegado de polícia e vocês estão
presos" ao que um dos seringueiros teria respondido: ¨Não é assim que se
prende um homem". Contam as testemunhas que a partir daí ouviram-se vários
tiros e ao final do embate restaram mortos dois seringueiros, enquanto Solon
achava-se gravemente enfermo, com um tiro na barriga. O delegado não
resistiu aos ferimentos e veio a falecer horas após, aos 24 anos de idade,
sendo sepultado lá mesmo no seringal Miraflores.

Como ninguém da família aparecera para abrir inventário, o juiz determinou
que fossem avaliados os bens que Solon deixara em três malas constituindo-se
de objetos de uso pessoal como um chapéu de massa , um terno de casimira, um
cachimbo, etc. Seus pertences foram levados a leilão e arrematados por 178
mil réis, quantia essa recolhida aos cofres do tesouro federal.

* Desembargador

 
Arquilau de Castro Melo
 
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