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Euclides e o berço de Os Sertões
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Meu “baú” euclidiano
2006-08-17 09:07:54

 

A SEMANA DE 1982

 

Ao leitor que se surpreender com a data, saiba que paramim - e para muitos, tenho certeza - 1982 foi “ontem”. Pois é, de repente descobri que já possuo um verdadeiro “baú” com memórias e registros das Semanas Euclidianas de 1969 para cá... E isso, realmente, para as gerações mais novas, foi há muito, muito tempo, já sugere arquivo de museu!

Remexendo nas lembranças, decidi falar hoje sobre a 1ª ENCICLOPÉDIA DE ESTUDOS EUCLIDIANOS, publicada em 1982, por ocasião do 80º aniversário da 1ª edição de “Os Sertões”.  Isso foi naquela época em que o Ciclo de Estudos Euclidianos era reconhecidamente o evento mais importante da Semana, grandes nomes da intelectualidade brasileira aqui ficavam durante todo o Ciclo, debatendo, expondo idéias e levantando hipóteses; contribuindo, enfim, para a ampliação do campo dos estudos euclidianos. É certo que, naqueles tempos, educação e cultura não eram produtos descartáveis como hoje... A essas áreas dava-se a importância devida, mesmo sob regime de ditadura militar.

Essa enciclopédia foi idealizada para reunir as palestras e conferências ministradas durante a Semana. Era para haver continuidade, de tempos em tempos seriam publicados outros volumes e esses estudos não se perderiam no tempo. O organizador e coordenador da enciclopédia foi o professor Adelino Brandão, a capa foi criação de Élvio Santiago, que colaborou, também, com as ilustrações, junto com Geraldo Tomanik. Os autores das fotos foram: Adelino Louzada Brandão, André Louzada Brandão, Genésio Pereira Filho e Paulo Dentas. Foi editada na Gráfica-Editora Jundiá, em Jundiaí, estado de São Paulo. A dedicatória foi para:

- Professor Benedito de Andrade;

- Jornalista, escritor e professor Dermal de Camargo Monfrê;

- Dr. Francisco Teive de Almeida Magalhães;

- Professor Francisco Venâncio Filho;

- Jornalista José Honório de Sylos, o “Brasilófilo”;

- Jornalista e escritor Olímpio de Souza Andrade.

No apêndice da obra, estão os dados bibliográficos dos autores e é deles que desejo falar, pois bateu uma saudade de  muitos que deixaram boas recordações, mas que hoje são lembrados por pouquíssimos euclidianos, mesmo porque restam poucos daqueles que conheceram esses grandes mestres!

 

Vou iniciar com um professor muito querido sempre, pelos maratonistas e pelos colegas, mas que infelizmente afastou-se do movimento por um incidente que o magoou, e já é hora de resgatar a sua valiosíssima contribuição à Semana, pois foi um dos primeiros - e o mais jovem - professores do Ciclo de Estudos Euclidianos: EVERTON DE PAULA, nascido em abril de 1950, professor da UNIFRAN, em Franca, Mestre em Educação, Especialista em Língua Portuguesa, Licenciado em Letras, escritor e membro da Academia Francana de Letras. Foi conferencista em São José desde 1972.

 

Obviamente, não poderia deixar de citar o professor MÁRCIO JOSÉ LAURIA, outro colaborador da Enciclopédia, que dispensa biografia e comentários, pois todos o conhecem (e não sei se ele gostaria de ver  publicadas algumas datas...).  Se há uma pessoa que tem a missão de escrever a história dos Ciclos de Estudos Euclidianos - incluindo os bastidores - é o professor Márcio, fundador e participante desse Ciclo, direta ou indiretamente, todos estes anos. Fica lançado aqui o “desafio”!

 

Das pessoas que participavam naquela época, não há quem não se lembre do queridíssimo professor CÉLIO PINHEIRO, nascido a 20 de maio de 1932, de Araçatuba. Será uma grande injustiça se nunca for feita uma homenagem a este professor,  ainda residente em Araçatuba, agora autor de livros de ficção.

 

A professora AMÉLIA FRANZOLIN TREVISAN, grande pesquisadora no campo da historiografia e arquivologia, sócia vitalícia do Grêmio Euclides da Cunha, de São José do Rio Pardo, colabora com os jornais desta cidade, e sempre manteve estreitas ligações com o euclidianismo rio-pardense.

 

Também em Jundiaí mora GERALDO TOMANIK, artista plástico, historiador e museólogo, nascido em 5 de abril de 1920.

 

FRANCISCO MARINS, grande e premiado escritor da literatura infanto-juvenil, nascido em 23 de novembro de 1922, mora em Botucatu.

 

ÉMERSON RIBEIRO OLIVEIRA, nascido em 19 de maio de 1922, advogado, jornalista e escritor, especialista em folclore brasileiro, promotor dos festejos comemorativos do centenário de nascimento de Rui Barbosa, em Araçatuba, foi mais um articulista dessa enciclopédia.

 

IRREMEDIÁVEIS SAUDADES

 

Os outros colaboradores da Enciclopédia Euclidiana, infelizmente, já se foram deste mundo. São eles:

 

DR. OSWALDO GALOTTI – a primeira grande saudade. Lembro-me do dr. Galotti sempre sorrindo, animando a juventude, salientando a importância da continuidade do movimento e da preservação de seus rituais, como o desfile e a romaria à herma. Neste autógrafo ele deixou, para mim, o peso de uma responsabilidade, jamais esquecida, principalmente após o seu afastamento dos eventos euclidianos: “Você é uma de nossas esperanças na propagação e difusão do euclidianismo.”

Foi ele um dos idealizadores e organizadores da Semana Euclidiana em São José do Rio Pardo. E este é um dos motivos pelos quais não posso ficar em silêncio quando o euclidianismo sofre algum abalo. Dr. Galotti publicou, entre muitas outras coisas, o livro Correspondência de Euclides da Cunha, em parceria com a professora Walnice Galvão, da USP. Deixou um arquivo riquíssimo, doado à Casa de Cultura Euclides da Cunha, assim como anotações preciosas pelo cuidado na pesquisa, no raciocínio e na reflexão. Talvez não tenha tido tempo para publicá-las, porém não podem ser desprezadas pelos pesquisadores.

 

Segunda grande saudade: professor MOISÉS GICOVATE, também advogado e escritor, nascido a 6 de março de 1912, no Rio de Janeiro. Como falar desse homem também muito alegre, jamais sozinho, sempre acompanhado de sua esposa, e de cultura vastíssima? Publicou vários livros de Geografia e a biografia de Euclides da Cunha. Era sócio-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, do Grêmio Euclides da Cunha e membro efetivo do Instituto Paulista de Direito Agrário.

 

Terceira enorme saudade: IVO VANUCCHI, nascido em 17 de junho de 1920 e falecido prematuramente, em 27 de outubro de 1982. Suas aulas eram cativantes, seu tema predileto era a correspondência de Euclides. Foi o primeiro a mostrar a verdadeira face da República através dessa correspondência. Infelizmente nos deixou muito cedo.

 

Outro professor que já se foi: DÁLVARO DA SILVA, de Jaú, nascido em 28 de março de 1929. De voz mansa, falava baixo e suas aulas eram, normalmente, as mais longas. Em 1982 residia em Campinas.

 

ADELINO BRANDÃO, nascido em Belém, no ano de 1926, até há bem pouco tempo entre nós, é outro que dispensa apresentações, pois ainda é muito conhecido no meio euclidiano. Autor de muitas obras, o professor era de Jundiaí, onde ainda residem a sua esposa Nelsy e os filhos.

 

Outros colaboradores: ABGUAR BASTOS DAMASCENO - foi professor, jornalista, poeta, folclorista, historiador, sociólogo e parlamentar, nascido em Belém, em 1902.

 

ALDO CIPOLATO, de Jundiaí, nascido em 1915, jornalista e ensaísta.

 

JOSÉ CALASANS (1915-2001), como era mais conhecido, era considerado a “memória viva de Canudos”.

 

E, para concluir, um dos homenageados desta Semana Euclidiana 2006: HONÓRIO DE SYLOS, nascido em 10 de setembro de 1901. Professor e jornalista, presidiu a Associação Paulista de Imprensa, criou a Casa de Euclides da Cunha, de São José do Rio Pardo, oficializando a Semana Euclidiana. Dirigiu O correio paulistano; foi consultor jurídico do Departamento de Educação, Conselho Administrativo e SENAI, procurador do Estado, membro da Casa Civil do presidente Júlio Prestes, secretário-geral da Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo e diretor da Divisão de Educação e Cultura do SESI; sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, presidente e conselheiro da Fundação D. Paulina de Sousa Queiroz, fundador e diretor da Ordem dos Jornalistas. Recebeu a Ordem do Rio Branco, a medalha Machado de Assis, da ABL e o título de Cidadão Emérito. Fez várias publicações sobre São José e Euclides da Cunha, foi membro da Academia Paulista de Letras.

 
Maria Olívia Garcia Ribeiro Arruda
 
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