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Antigas capelas de São José do Rio Pardo
2007-05-19 11:15:42

 

Antigas capelas de São José do Rio Pardo
15/5/2007 15:36:29

Capela de São Roque

 

 

A proteção de São Roque para livrar a cidade da terrível epidemia de varíola, foi invocada por um grupo de italianos que, reunidos em casa de Pedro Perrella, em 20 de junho de 1892, decidiu pela necessidade da realização de procissões e novenas em honra ao santo e pela compra de sua imagem.

Para coordenar os trabalhos foi eleita uma comissão formulada por: José Scarano, Vicente Juliani, Domingos Delia, Domingos Cerávolo, Pasqualle Borrella e Pedro Perrella; em seguida, dois membros dessa comissão trouxeram de São Paulo uma imagem de São Roque que, levada à Igreja Matriz, foi entronizada pelo padre Joaquim Tomás de Ancassuerd em nicho oferecido por Leonardo Jula.

A data consagrada a São Roque em 16 de agosto desse ano foi tão prestigiada pela população que, por fim, sugerida pela comissão se construísse uma capela em seu louvor; o terreno necessário para edificar a ermida, situado no bairro do Bonsucesso, foi doado pelo devoto casal José Fernandes e Carolina Maria de Jesus, antigos senhores de parte da fazenda da Laje, pela escritura de 22 de fevereiro de 1893, passada graciosamente pelo tabelião Firmino de Lima e transcrita em 7 de agosto de 1923 no Cartório do Registro de Imóveis.

Ano após ano, sempre em 16 de agosto, renovavam-se as alegrias das quermesses em beneficio da futura capela; com nova comissão formada por Leonardo Jula, Antônio e Leonardo Angerami, teve início sua construção, mas um súbito e violento temporal destruiu a obra começada e dispersou todo o material que se perdeu.

As esperanças de se construir a capela de São Roque renasceram com a vinda do novo vigário, padre Euclides Gomes Carneiro, nomeado por dom Alberto, bispo de Ribeirão Preto e que chegou a São José em junho de 1915; em outubro desse ano, o padre Euclides propôs a criação de um Asilo de Mendicidade a ser construído em terras do patrimônio da Igreja Matriz. Durante as festas de São Roque, em agosto de 1918, o padre Euclides Carneiro procedeu ao lançamento da pedra fundamental da capela, na esplanada do asilo ainda em construção (1).

Mas em junho de 1919, um fato extraordinário abalou a sociedade rio-pardense: por motivos políticos, o benemérito vigário padre Euclides Carneiro foi destituído do exercício das ordens sacras e afastado da importante Paróquia de São José do Rio Pardo; contudo, atendendo ao pedido das diretoras das associações religiosas “Sagrado Coração de Jesus” e “Filhas de Maria”, o bispo dom Alberto nomeou vigário o padre Guilherme Arnold, que assumiu o cargo em 25 de setembro de 1919.

A justiça foi feita e o padre Euclides Carneiro, reintegrado em suas funções, foi nomeado cura da catedral de Botucatu pelo bispo dom Lúcio Antunes de Sousa, em novembro de 1919. Com a ausência do operoso padre Euclides Carneiro, o projeto de construção da capela de São Roque não teve continuidade.

Somente anos depois, atendendo aos anseios dos devotos de São Roque e da comunidade do bairro do Bonsucesso, o vigário Guilherme Arnold nomeou uma comissão de obras a qual contratou a construção da capela com o empreiteiro João Bergamasco, mas por algum motivo, talvez pela falta de recursos, ela ficou inacabada.

Assim, quando o abade dom Afonso Heun, monge cisterciense, recebeu a igreja, ela estava edificada mas faltavam portas, janelas, piso e pintura. Dom Afonso, com ajuda do irmão José, irmão Lucas e madre Augusta, pôde terminar a construção. Concluídos o altar, bancos e vitrais, colocados os quadros de cerâmica da via-sacra no correr das paredes, o crucifixo no altar-mor, providenciadas as alfaias e toalhas, faltava o mais importante: a imagem de São Roque entronizada em 1892, que permanecera na Igreja Matriz. Para a devoção dos fiéis, madre Augusta pintou os quadros de Nossa Senhora, São Roque e outros santos.

A admirável Igreja de São Roque que, inaugurada em 22 de junho de 1942, com a bênção de dom Manuel Silveira Delboux, bispo auxiliar da Diocese, na presença do vigário de São José, padre Antônio Adauto Vitali, teve sua primeira missa concelebrada por cinco sacerdotes. Alguns meses após a inauguração, em 25 de julho de 1943, Pedro Perrella, último sobrevivente da primeira comissão, ofereceu à igreja a imagem de São Roque em memória de sua esposa Antônia, falecida em 13 de fevereiro de 1941 (2).

Finalmente, comemorando 25 anos de inauguração da igreja, dom Tomás Vaquero, bispo de São João da Boa Vista, criou a Paróquia de São Roque. Instalada em 25 de janeiro de 1968, teve como primeiro vigário dom Agostinho Zachetti e vigário-cooperador, dom Bonifácio Cicconofre, que recebeu da Câmara Municipal, em 19 de março de 1985, o título de Cidadão Rio-Pardense (3).

 

 

Capela de Nossa Senhora da Saúde

 

A fazenda Vila Costina, de propriedade do dr. José da Costa Machado de Sousa, foi uma das melhores do estado de São Paulo em produção cafeeira. Seu cafezal, em 1901, de 300 alqueires, era maior área de café plantada em São José; ela tornou-se um povoado, com muitas moradias, duas escolas, uma capela, uma ferrovia particular ligada a fazenda à estação Vila Costina da Mogiana, e até dinheiro próprio.

A epidemia de febre amarela, que chegou a São José em 1902 e atingiu inúmeras famílias na cidade, levou os moradores a se refugiarem nas fazendas. A vida municipal ficou paralisada, enquanto que a Câmara Municipal se reunia em casa dos vereadores Tarqüínio Cobra Olyntho e Urias Carneiro, no bairro do Bonsucesso. O Fórum, por decreto do Governo do Estado, transferiu, em fevereiro de 1903, seus trabalhos para a fazenda Vila Costina, instalando-se na sala da “Società Di Mutuo Soccorso 20 Settembre”. Assim, esta sociedade, por breve espaço de tempo, foi sede do Judiciário.

A capela da fazenda Vila Costina, por sua invocação a Nossa Senhora da Saúde, teria sido construída durante essa epidemia de febre amarela para receber os moradores impedidos de freqüentar a Igreja Matriz de São José. Nesse sentido, o dr. Costa Machado requereu ao Bispo de São Paulo, uma provisão qüinqüenal em favor da capela a qual lhe foi concedida em 4 de novembro de 1904.

A capela de Nossa Senhora da Saúde da fazenda Vila Costina é “um exemplo de harmoniosa unidade de um conjunto arquitetônico rural, que infelizmente, já se perdeu em parte” (4).

 

FONTES

Autores

1. Del Guerra, Rodolfo José – “Padre Euclides Carneiro: anotações” –Gazeta do Rio Pardo, 11/10/1987.

2. Garcia, Maria de Lourdes Perri – “Jubileu de Ouro da Igreja de São Roque” – Gazeta do Rio Pardo, 6/6/1992.

3. Idem – “História da Paróquia de São Roque” – Gazeta do Rio Pardo, 23/1/1993.

4. Maschietto, Carmen Cecília Trovatto – “ Desenvolvimento e preservação” – Gazeta do Rio Pardo, 25/12/1982.

 

Jornais

Gazeta do Rio Pardo – 10/6/1915, 10/10/1915, 30/6/1918,

23/8/1919, 17/3/1963, 25/12/1975, 12/11,/1988, 25/12/1990.

O Rio Pardo – 15/2/1903.

O Progresso – 13/9/1919, 22/11/1919.

Resenha – 30/3/1941, 21/6/1942.

 

 

 
Amélia Franzolin Trevisan
 
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